PF investigará suspeita envolvendo pesquisa eleitoral na Capital

24 de agosto de 2010 10:35

A suspeita de crime eleitoral que motivou uma operação do Ministério Público Eleitoral na semana passada em Porto Alegre será apurada pela Polícia Federal. A abertura de inquérito deve ser requisitada hoje à PF.

AAgência Gaúcha de Estudos de Mercado LTDA (AGEM), que estava aplicando as pesquisas de intenção de voto no centro da Capital e em cujo escritório houve apreensões na sexta-feira, falou ontem que a técnica que estava sendo aplicada é comum para levantamentos de todos os tipos.

– Não tem nada de irregular porque era uma pesquisa de intenção de voto e de avaliação de campanha, como a gente faz para qualquer produto. Nós fomos contratados por essa empresa de São Paulo (Network Pesquisas de Mercado). Nós fazemos a coleta de dados. Minha empresa não tem setor de estatística, não elabora questionários nem analisa. Essa empresa de São Paulo que é responsável por isso. E é ela que vai contratar um advogado – disse Nara Dorneles, proprietária da AGEM.

Técnica é conhecida entre especialistas

Na sexta-feira, o escritório da empresa foi alvo de buscas por suspeita de que estaria induzindo a intenção de voto de eleitores abordados na Rua dos Andradas em favor do candidato José Serra (PSDB).

Procurada por ZH, a Network Pesquisas de Mercado não retornou as ligações. Entre integrantes do mercado de pesquisas, o método usado pela AGEM não desperta suspeitas. O diretor executivo do Instituto Methodus, Jefferson Jaques, explica que se trata de um trabalho de rotina:

– É uma técnica bem comum, usada para várias coisas, como produtos alimentícios, para verificar comerciais e posicionamento de marca. Normalmente, se aluga uma sala perto de um local de fluxo intenso, se convida a pessoa para participar e se dá um brinde de pequeno valor. São mostradas peças para a pessoa opinar, dizer por que gostou ou não.

Nara também falou sobre os brindes. De acordo com a denúncia, as pessoas abordadas pela equipe da empresa recebiam bombons.

– Isso é comum, uma forma de agradecimento pelo tempo da pessoa disse.

Entenda o caso
– O caso começou a ser investigado na semana passada, depois de a funcionária pública Bruna de Quadros fazer uma denúncia por ter desconfiado da forma como a pesquisa estava sendo feita.
– Ela foi abordada na Rua dos Andradas e depois convidada a assistir a vídeos de Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB).
– Bruna relatou que o teor do material relacionado a Dilma era negativo e isso a fez desconfiar de tentativa de indução de voto. Ao final da análise dos vídeos, os entrevistados eram brindados com bombons.
– Ontem, Bruna voltou a falar sobre o caso:
– Percebi que estavam abordando pessoas mais simples que eu. Achei que se eles estavam mesmo tentando induzir o voto, aquilo não podia permanecer. Se me enganei, queria que alguém que tivesse legitimidade verificasse.

 

 

Fonte:  Jornal Zero Hora