PF nega que relatório do Banco do Brasil aponte indícios de violação no sigilo de Eduardo Jorge

29 de setembro de 2010 10:49

BRASÍLIA – A Polícia Federal negou nesta terça-feira que o relatório recebido do Banco do Brasil aponte indícios de violação do sigilo bancário do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira. Segundo a PF, o banco sustenta que todos os acessos à conta de Eduardo Jorge estão "devidamente justificados e são compatíveis com as funções exercidas pelos servidores" mencionados no caso.

O Banco do Brasil preparou o relatório sobre os acessos à conta de Eduardo Jorge a pedido do delegado Hugo Uruguai, que comanda o inquérito sobre a suposta invasão de contas do tucano. Mas o delegado informou que todos os acessos foram justificados.

" O relatório do banco diz que os acessos estão todos justificados "


– A informação de que houve acesso imotivado é do Eduardo Jorge e não do Banco do Brasil. O relatório do banco diz que os acessos estão todos justificados – disse Uruguai à direção da PF.

Para o delegado, as explicações do banco serão analisadas e comparadas com outros dados do inquérito. Se surgirem dúvidas, Uruguai diz que pedirá esclarecimentos adicionais ao banco.

Mais cedo, o Banco do Brasil confirmara a PF que os dados bancários de Eduardo Jorge foram acessados, entre 2009 e 2010, numa operação que levanta suspeitas sobre o uso da estrutura do banco para a coleta ilegal de informações sigilosas do dirigente tucano. De acordo com as informações prestadas à PF, os dados bancários de Eduardo Jorge foram acessados por cinco vezes. Os dois acessos que levantam suspeitas ocorreram em março deste ano em Brasília e na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Para Eduardo Jorge, as informações do Banco do Brasil revelavam "fortes suspeitas" de que houve quebra de sigilo.

– Algumas informações convergem para a quebra de sigilo bancário. A resposta do Banco do Brasil reforça que houve acessos sem motivação. Cabe à PF avançar nas investigações – afirmou o tucano.

" A resposta do Banco do Brasil reforça que houve acessos sem motivação. Cabe à PF avançar nas investigações "


No dia dois de setembro, o GLOBO revelou que as contas de Eduardo Jorge no Banco do Brasil poderiam ter sido devassadas . Eduardo Jorge disse que soube dos vazamentos, depois de ser procurado por um repórter que portava informações de sua movimentação bancária.

A Polícia já sabe o nome dos servidores que efetuaram as operações, no entanto, os investigadores ainda apuram se os funcionários do banco agiram sem motivação formal e se houve efetivamente quebra de sigilo bancário.

O inquérito que apura a quebra de sigilo bancário é o mesmo que investiga a quebra de sigilo fiscal de Eduardo Jorge, de outros dirigentes tucanos, de aliados do candidato do PSDB à Presidência, José Serra, e de familiares do candidato tucano, como a filha Verônica Serra. Os dados fiscais do tucano foram acessados a partir da Delegacia da Receita Federal em Mauá (SP), do terminal da servidora Adeildda Ferreira Leão dos Santos. Já as informações de Verônica foram acessadas de um terminal da Receita em Santo André (SP).

Fonte: O Globo