PF no combate ao crime comum
– A orientação do Departamento de Polícia Federal é auxiliar as polícias estaduais no combate aos crimes que perturbam o cidadão. Não podemos nos concentrar apenas na desarticulação de grandes quadrilhas – afirmou Ademar Stocker, diretor-executivo da Superintendência Regional da PF no Estado.
A integração para combater crimes de competência das polícias estaduais segue determinação do diretor-geral da PF, delegado Luiz Fernando Corrêa, ex-secretário Nacional de Segurança Pública (Senasp). A idéia surgiu como resposta a reivindicações ouvidas por ele de secretários estaduais durante o período que esteve à frente da Senasp.
– Isso já ocorre em alguns Estados e já aconteceu em algumas ações, no ano passado, aqui no Rio Grande do Sul – explica o delegado regional de Combate ao Crime Organizado da PF, José Antonio Dornelles de Oliveira.
Com isso, a PF busca se aproximar da comunidade ao combater delitos que transtornam a rotina dos gaúchos. Um ensaio dessa nova estratégia de combate à criminalidade já havia ocorrido no Estado durante a Operação Patrimônio, em setembro passado. A ação realizada pela PF desarticulou uma quadrilha de roubo de carros que atuava no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, com a captura de 74 suspeitos.
A nova postura foi oficializada ontem durante a Operação Porto Seguro, ação que selou o início de uma parceria entre a Polícia Civil (PC), que planejou a operação, e a PF. Dirigentes das duas corporações prometem que o trabalho conjunto será rotina a partir de agora.
– A integração é bem-vinda – avaliou o chefe da Polícia Civil, delegado Pedro Rodrigues.
A parceria entre as polícias não deve se restringir à disponibilização de pessoal, cães e viaturas pela PF para ações planejadas pela Civil. A idéia é que os setores de investigação e inteligência das duas corporações trabalhem juntos em alguns casos. No combate ao tráfico de drogas, por exemplo, a PF ganha informações importantes sobre as bocas-de-fumo na Capital e no Interior, pontos finais de redes internacionais. Isso pode auxiliar suas investigações interestaduais.
– Também podemos ajudar em investigações deles – afirmou o diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil, delegado Ranolfo Vieira Júnior.
Credibilidade da PF servirá de aliada
Para o superintendente da PF do Estado, delegado Ildo Gasparetto, no entanto, o mais importante foi a atuação conjunta.
– Isso certamente vai se repetir – confirmou.
A cooperação já havia sido prevista pelo secretário da Segurança Pública, delegado federal José Francisco Mallmann. Em entrevista a Zero Hora publicada em 23 de abril do ano passado, primeiro dia do delegado no cargo estadual, Mallmann confirmou que a integração entre as polícias era necessária para combate ao crime.
Ao aproximar a PC da PF, Mallmann tenta angariar para a corporação estadual parte da credibilidade junto à opinião pública. Em pesquisa divulgada em setembro do ano passado, encomendada pela Associação dos Magistrados do Brasil (AMB), a PF surgiu como a instituição em que os brasileiros mais confiam (75,5%), seguida pelas Forças Armadas (74,7%).
Trabalho integrado
– Dois delegados e 22 agentes federais em seis viaturas auxiliaram ontem no cumprimento de 15 mandados de busca e apreensão em bairros da região central de Porto Alegre
– Sete dos mandados foram cumpridos em estabelecimentos onde haviam caça-níqueis, e os demais, em casas suspeitas de serem pontos de venda de drogas
– A equipe federal apoiou o efetivo empregado pela Polícia Civil: 18 delegados e 134 agentes, em 51 viaturas
– Na Vila Planetário, agentes do Denarc cumpriram quatro mandados judiciais e detiveram 13 suspeitos, auxiliados por cães treinados pela PF para farejar drogas
– A operação também abordou flanelinhas, para coibir achaques em sinaleiras, e motociclistas, para inibir assaltos com esse tipo de veículo
– No total, mais de 20 pessoas foram detidas – cinco delas autuadas por tráfico de drogas – , 42 máquinas caça-níqueis foram apreendidas e R$ 1,7 mil recolhidos