PF ouve secretário de Dilma
O assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), André Fernandes, confirmou na última segunda à PF ter recebido de Aparecido os dados sobre gastos de FHC e da mulher.
Fernandes contou ao delegado Sérgio Menezes, encarregado do inquérito, que os dados vieram em dois arquivos anexados num só e-mail, em 20 de fevereiro. O assessor disse ter ficado perplexo com os dados, os quais considerou espécie de ameaça velada aos parlamentares de oposição – que, à época, pressionavam pela publicação dos gastos reservados de Lula. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse na última segunda que Aparecido teria se demitido do cargo.
A CPI dos Cartões deve aprovar nesta terça o requerimento de convocação de Aparecido e de André Fernandes. A comissão quer ainda convocar a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para explicar o dossiê.
Com a ida do secretário demissionário à CPI, o governo tenta evitar novos desgastes, além de indicar que não teme o depoimento. André e Aparecido devem depor ainda esta semana. Somos favoráveis ao depoimento de Aparecido porque, se ele não for, vão dizer que o governo esconde algo, afirmou o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro. Indagado se a decisão de pôr Aparecido diante dos parlamentares não seria arriscada, devolveu a pergunta: Mas o que não é risco? Dos perigos, antes o conhecido.
A estratégia foi decidida após várias conversas de Múcio com auxiliares do presidente Lula e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR). A orientação do governo é para os dois (Aparecido e André) irem à CPI. E os dois devem depor no mesmo dia, comentou Jucá, que também repassou a tática com a líder do governo no Congresso, Roseana Sarney (PMDB-MA). É questão de simbologia. O governo quer pagar para ver; não teme nada.
Os petistas, que a princípio fizeram restrições à convocação de Aparecido, mudaram de idéia. Estamos diante de situação sem saída: eles (Aparecido e André) têm de ir à CPI se explicar. Senão, a CPI se desmoraliza, disse o relator da comissão, Luiz Sérgio (PT-RJ).