PF prende 17 em operação contra mercado ilegal de câmbio em MG
Dezessete pessoas foram presas, nesta quinta-feira (8), durante uma operação da Polícia Federal contra o mercado ilegal de câmbio de moeda estrangeira em Minas Gerais. De acordo com a corporação, entre os detidos, 16 atuavam como doleiros. O inquérito foi presidido pela delegada Tatiana Alves Torres, que apresentou o balanço da ação, nesta tarde, em Belo Horizonte.
As investigações começaram em novembro de 2012, com o objetivo de apurar a atuação de um núcleo específico de doleiros, que contava com a participação de uma pessoa nos Estados Unidos. Entretanto, a delegada afirmou que outros grupos foram incluidos com o decorrer das investigações.
De acordo com a polícia, a maioria dos clientes era empresas do ramo têxtil da capital mineira e de Divinópolis, no Centro-Oeste do estado. As investigações apontaram que os donos das confecções utilizavam o dinheiro obtido com o serviço dos doleiros para o pagamento de fornecedores asiáticos. Segundo as investigações, as empresas suspeitas sonegavam impostos em transações comerciais feitas, principalmente, com dólar e euro, no exterior.
O delegado Mário Veloso, chefe da Delegacia de Crimes contra o Sistema Financeiro, explicou como os empresários, clientes dos doleiros, subfaturavam as importações. “Ele [o empresário] põe um preço menor do que ele pagou daquela importação. E, esse preço menor, ele compra pelos meios oficiais, através do Banco Central. O restante que compõe esse valor real, ele manda através de um doleiro para fora para pagar aquele fornecedor, o preço real do produto. Isso é crime”, disse.
Tatiana Alves Torres afirmou que o prejuízo maior é a remessa ilegal de divisas para o exterior. Segundo ela, ainda não é possivel calcular os danos aos cofres públicos.
A delegada informou que as investigações continuam. “Pedimos o compartilhamento dessas informações que adquirimos ao longo da investigação para a Receita Federal, que vai ser órgão importantíssimo na atuação, especialmente com relação às operações das empresas. Certamente ela [Receita Federal] vai desenvolver o procedimento administrativo fiscal, que deve resultar num crime de sonegação fiscal”, disse.
Além das 17 prisões, até o começo da tarde desta quinta-feira, 28 mandados de busca foram cumpridos. De acordo com a Polícia Federal, foram encontrados três carros de luxo, obras de arte e mais de R$ 2,7 milhões, em notas de real dólar e euro, além de cheques. Quinze pessoas, entre funcionários das empresas, colaboradores dos doleiros e pessoas que disponibilizaram contas no exterior, também prestaram depoimento.
Conforme a delegada responsável, os detidos foram indiciados por evasão de divisas, comércio ilegal de moeda estrangeira, no caso dólar e euro, e por atuar como instituição financeira sem autorização do Banco Central. Alguns deles também vão responder por formação de quadrilha.
A Polícia Federal informou que as mulheres detidas foram encaminhadas para o Complexo Penitenciário Estevão Pinto, na Região Leste de Belo Horizonte. Já os homens foram levados para a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana.