PF prende ex-superintendente de porto e mais 7 no Paraná

20 de janeiro de 2011 13:54

A Polícia Federal em Paranaguá (PR) realiza nesta quarta-feira uma operação conjunta com a Receita Federal e o Ministério Público Federal para desarticular uma quadrilha que promovia o desvio de cargas, entre outros crimes, no porto da cidade. Entre oito presos na operação está Daniel Lúcio de Oliveira de Souza, ex-superintendente do porto.

Souza foi preso nesta manhã, no Rio de Janeiro. Ele assumiu a superintendência da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) em outubro de 2008, substituindo o irmão do ex-governador Roberto Requião (PMDB), Eduardo Requião, que teve de deixar o cargo após a súmula do Supremo Tribunal Federal que proibiu o nepotismo.

Ele ficou no cargo até abril de 2010 e saiu depois que Orlando Pessuti (PMDB) assumiu o governo. Antes de assumir a superintendência, Souza foi diretor administrativo-financeiro na gestão de Eduardo Requião. Conforme o delegado que comanda a operação, Jorge Nazário, Souza e o inspetor-corregedor do Tribunal de Contas do Paraná, Agileu Bittencourt, estão envolvidos com fraudes em licitações e cobrança de propina. "Eles direcionavam a contratação de determinadas empresas e os envolvidos recebiam valores que podem chegar a US$ 5 milhões", disse o delegado.

Dos 10 mandados de prisão temporária expedidos pela Justiça, oito já haviam sido cumpridos pela Operação Dallas até as 14h50. Agentes da PF também cumpriram mandado de busca e apreensão no apartamento de Eduardo Requião, em Curitiba. À paisana, os policiais ficaram por cerca de três horas no prédio de Requião, no bairro Batel, na capital paranaense. Eles deixaram o apartamento com uma caixa cheia de documentos e dois discos rígidos de computador.

De acordo com a PF, 29 equipes policiais estão envolvidas no cumprimento dos mandados. Devem ser verificadas empresas, terminais portuários, residências de investigados e a sede da Appa. Segundo a Receita Federal, 10 mil t de produtos por ano, especialmente soja, farelo, milho, açúcar e trigo, eram desviados pela quadrilha. A Receita estima que, só em soja, o valor de produtos desviados chegue a R$ 8,3 milhões.

Conforme a polícia, os envolvidos responderão pelos crimes de apropriação indébita, estelionato, formação de quadrilha, falsificação de documentos privados, falsidade ideológica, corrupção passiva, advocacia administrativa, corrupção ativa e descaminho. "Houve adulteração por software na balança de um dos terminais e havia o desvio fixo, na esteira do terminal também", disse o delegado Jorge Nazário sobre os desvios.

Os presos serão reunidos na custódia da Polícia Federal em sua sede regional, no bairro Santa Cândida, em Curitiba, de onde serão encaminhados ao sistema penitenciário, à disposição da Justiça Federal de Paranaguá.

Em nota, a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) informou que já vem trabalhando no aprimoramento da segurança no embarque de mercadorias.

FONTE: TERRA