PF prende seqüestradores de gerentes
Uma das últimas ações do grupo foi o roubo de R$ 130 mil da Caixa Econômica Federal de Butiá, em março, quando a família de um gerente ficou nove horas em poder do bando.
A quadrilha teria pelo menos 10 integrantes – três deles foram presos anteriormente, e um segue foragido. A PF entrou no caso, organizando a chamada Operação Butiá (alusão à cidade onde realizaram o último assalto), por se tratar de crime contra uma instituição federal. De acordo com o superintendente da PF, Ildo Gasparetto, outras duas tentativas de seqüestros foram abortadas.
A primeira foi em 29 de março, em Guaporé, na Serra, quando seis homens se preparavam para seqüestrar um empresário da cidade. PMs foram avisados, perseguiram o grupo e prenderam três homens em um Siena roubado. Duas armas foram encontradas em um compartimento no painel do carro.
O segundo seqüestro estaria previsto para ontem. As vítimas seriam familiares de um representante de uma indústria de jóias, morador da Capital.
Por meio de informações, a PF sabia que as dicas sobre a rotina de vida do empresário seriam repassadas por uma cabeleireira, que conhecia as vítimas. O encontro seria na Zona Norte.
– Um dos criminosos iria falar com ela hoje (ontem) pela manhã, dirigindo um Fusca azul. Aí, fomos até lá com um Fusca azul – revelou o delegado Rafael França.
Quase ao mesmo tempo, o líder da quadrilha e a mulher dele foram capturados na Vila Cruzeiro do Sul. Na casa deles foram apreendidos uma moto Titan e um Fusca azul.
Outro casal foi pego em Butiá. Segundo o delegado França, a mulher seria o elo da quadrilha com o município de 19,7 mil habitantes. O grupo conhecia detalhes da família e tinha até fotos dos filhos do gerente.
– Ela trabalhava fazendo faxina nas casas. Como é uma cidade pequena, e a maioria das pessoas se conhece, ficou fácil para ela repassar informações da família do gerente – explicou.
Casebre em Canoas era usado como cativeiro
Outro comparsa foi preso no bairro Santa Rita, em Guaíba, com um Siena. E, em Canoas, a PF capturou uma mulher, em um casebre no bairro Fátima, onde a família do gerente da Caixa de Butiá foi mantida refém.
O crime começou com a invasão da moradia do gerente e se prolongou até a manhã de 7 de março. A mulher do bancário, três filhos e a empregada foram levados de casa para o cativeiro, sendo soltos nove horas depois, quando o gerente já havia retirado R$ 130 mil de um cofre da agência e deixado o dinheiro em um ponto da BR-290. O bando ameaçava atear fogo nas roupas das vítimas ou detonar uma granada na casa. O dinheiro não foi recuperado.
A Operação Butiá envolveu 68 agentes federais. A PF preservou os nomes dos presos, com prisões temporárias e preventivas decretadas. Eles serão indiciados por extorsão mediante seqüestro e formação de quadrilha.
Competência federal
– É da Polícia Federal a missão constitucional de investigar crimes contra o patrimônio da União. Assaltos ou atos de vandalismo contra órgãos públicos federais, como a Caixa Econômica Federal, enquadram-se nessa previsão legal, conforme o artigo 144 da Constituição Federal.
– A PF também pode abrir inquéritos para apurar crimes cometidos contra servidores federais que tenham sido ameaçados, extorquidos ou agredidos em decorrência do exercício da sua função pública.
– Quando a União detém apenas parte das ações de uma empresa, como é o caso do Banco do Brasil, crimes contra o patrimônio passam a ser investigados pela Polícia Civil, subordinada aos Estados.