PF quer apressar as apurações na Receita sobre quebras de sigilo fiscal

9 de setembro de 2010 10:11

A Polícia Federal concluiu alguns laudos periciais do computador apreendido na agência da Receita Federal em Mauá (SP), no qual trabalhava a funcionária Adeildda Ferreira Leão. Ela é acusada de vazar informações sobre contribuintes, inclusive do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge. A PF vai priorizar as análises técnicas durante a investigação, que passou a contar com a ajuda de agentes da Diretoria de Inteligência Policial (DIP). Hoje, Verônica Serra, filha do candidato tucano à Presidência, José Serra, deve ser chamada para depor como vítima, já que teve o Imposto de Renda invadido.

A intenção da PF é agilizar ao máximo as investigações. Policiais que atuam na apuração não sabem determinar um prazo para o fim do trabalho, mas tentam encerrar antes das eleições de 3 de outubro, já que há denúncias de um suposto envolvimento de petistas na quebra do sigilo. “Um dos motivos da entrada da DIP no caso é para imprimir velocidade à investigação”, diz um delegado que teve acesso ao inquérito, instaurado em Brasília em 5 de julho. A diretoria foi a responsável pela Operação Satiagraha, que apurou envio ilegal de dinheiro para o exterior. Atuou, ainda, na investigação do roubo de um notebook da Petrobras, no envolvimento de desembargadores em fraudes no Espírito Santo, nas irregularidades em concursos públicos em Brasília, além da Caixa de Pandora — operação que descobriu pagamento de propina no Governo do DF.

Segundo o delegado, a Polícia Federal vai centralizar os trabalhos no vazamento das informações da Receita para depois partir para outras frentes. “Não podemos virar metralhadora giratória e atirar para todos os lados. É preciso manter o foco”, observa o policial. Apesar de já ter ouvido cerca de 15 pessoas, a PF não vai priorizar testemunhas ou acusados. “Esse é um inquérito de prova técnica”, ressalta. Com o resultado das perícias, a PF pode chamar outras pessoas e delimitar novos rumos para a investigação.

Os investigadores estão trabalhando em torno do vazamento. Em seguida, passarão a verificar se o acesso às informações teve motivação política, se foi encomendado por terceiros ou se serviria para ser vendido. Para isso, já pediram a quebra de sigilo telefônico de Adeildda no período de agosto a dezembro do ano passado — a maior parte dos vazamentos ocorreu em outubro — e deverá convidar Verônica Serra a prestar depoimento.

“Porta-voz”
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, criticou mais uma vez a violação dos sigilos. “A violação do sigilo do meu genro e da sua intimidade é mais um capítulo desse episódio vergonhoso”, disse o tucano, durante encontro em defesa das pessoas com deficiência, em São Paulo. A manifestação ocorreu um dia após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ir à tevê defender a candidata do PT, Dilma Rousseff, e acusar Serra de partir para a baixaria. “O presidente Lula, apesar de ser presidente de todos os brasileiros, se engaja como porta-voz de uma candidata que aparentemente não tem condições de falar por si própria”. Ele não confirmou se gravaria um programa eleitoral rebatendo os ataques de Lula.

Fonte: Correio Brazilienese