PF quer delação da Schahin sobre pagamentos a garçom de Lula e Delfim Netto

12 de setembro de 2016 13:12

Comandada pelo delegado Filipe Hille Pace, da equipe da PF em Curitiba, a Polícia Federal negocia com donos da Schahin uma nova colaboração premiada nas investigações da Operação Lava Jato. O objetivo é esclarecer pagamentos identificados do grupo empresarial para investigados como Carlos Roberto Cortegoso, segundo maior fornecedor da campanha de reeleição de Dilma Rousseff, e para o sobrinho do ex-ministro do milagre econômico, Delfim Netto, noticiou, nesta segunda-feira (12/09), o jornal Estadão. 

 

Cortegoso, conhecido como o “garçom de Lula”, empresário de São Bernardo do Campo, virou o fornecedor principal dos palanques e materiais de campanha para o PT, principalmente por sua empresa Focal Comunicação Visual. Na disputa de reeleição em 2014, recebeu R$ 24 milhões dos petistas – valor abaixo apenas dos R$ 73 milhões pagos ao marqueteiro João Santana. O empresário é réu em processo aberto em São Paulo, resultado da Operação Custo Brasil, que apurou corrupção e desvios em contratos de empréstimos consignados dos servidores federais, via Ministério do Planejamento.  

 

Um dos donos do Grupo Schahin confessou ter feito, em 2004, empréstimo de R$ 12 milhões para o PT, em nome do pecuarista José Carlos Bumlai,  amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com as investigações da Lava Jato, um dos destinos do dinheiro foi o empresário de Santo André (SP) Ronan Maria Pinto, que usou parte do valor para a compra do jornal Diário do Grande ABC. Nesta segunda-feira (12/09), o publicitário Marcos Valério será interrogado, em Curitiba, pelo juiz da Lava Jato. Ele participou da lavagem desses recursos. 

 

O jornal Estadão noticiou ainda que paralelo à ação penal, em fase final, a Lava Jato tem um inquérito que tem a Schahin como alvo e pode ampliar os focos de investigação sobre envolvimento em corrupção na Petrobrás e fora dela. Desde julho, o Delegado Federal Filipe Pace comunicou a defesa do grupo para uma reunião para tratar de eventual colaboração complementar. Na reunião, o delator ou outro executivo do grupo teriam que explicar os pagamentos feitos a um grupo de 13 empresas considerados suspeitos de ocultarem propinas, em inquérito com laudos periciais ainda pendentes. 

 

Apesar do laudo não ter ficado pronto, o delegado relaciona “algumas transferências realizadas pelo grupo Schahin a empresas já investigadas na Operação Lava Jato, bem como a outras que, ao que parece, podem ter sido utilizadas de maneira ilícita”. 

 

Em despacho de 8 de julho, o delegado defende o instrumento da colaboração premiada e o direito da polícia fazê-lo. “Esclareço que a colaboração premiada é técnica de investigação, verdadeiro meio de obtenção de provas, não sendo um mero fim em si mesmo e tão pouco o único elemento a ser utilizado para fundamentar propositura de ações penais e eventuais condenações criminais. Nesse sentido, por prerrogativa que lhe é conferida por lei e pela plenitude das atribuições constitucionais investigativas expressamente conferidas à Polícia Federal, esclareço que serão realizadas tratativas visando a possibilidade de celebração de acordo de colaboração premiada com executivos do grupo Schahin”, registra o delegado Pace. 

 

Além de doações oficiais usadas para ocultar propina das empreiteiras beneficiadas com contratos na Petrobrás, a Lava Jato descobriu que pagamentos de fornecedores dos partidos e suas campanhas eram feitos como forma de movimentação do dinheiro da corrupção da Lava Jato e da Custo Brasil. 

 

Leia a íntegra da reportagem do jornal Estadão: http://zip.net/bxttqT