PF quer mais documentos sobre caso Renan
O pedido da PF para que Renan disponibilize mais documentos foi oficializado na tarde da última sexta ao presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO).
Os peritos têm dificuldade em atestar se os recursos que o senador tinha em sua conta corrente no Banco do Brasil chegaram mesmo até a jornalista Mônica Veloso, com quem ele tem uma filha.
Isso porque não há documentação suficiente para mapear os supostos pagamentos de pensão alimentícia de cerca de R$ 12 mil mensais. Ou seja, para atestar que a saída do dinheiro na conta do senador foi para quitar as pensões. Na prática, só há registros de saques genéricos em datas próximas aos supostos pagamentos.
Além disso, na outra ponta, os peritos trabalham só com a palavra da jornalista e do seu advogado, Pedro Calmon -não há recibos nem extratos bancários dela disponíveis.
O Conselho de Ética investiga denúncias de que o dinheiro poderia pertencer à empreiteira Mendes Júnior, para a qual trabalha o lobista Cláudio Gontijo, amigo de Renan que fez pagamentos para Mônica.
Segundo o senador, o dinheiro lhe pertencia e Gontijo era apenas intermediário.
Apesar de a análise dos dados ainda estar em fase preliminar, integrantes do Conselho de Ética foram informados de que a PF dificilmente conseguirá responder aos 30 questionamentos sobre os papéis.
A tendência é que o laudo ratifique as inconsistências nas notas fiscais de compra e venda de gado e levante suspeita sobre a evolução patrimonial mas que afirme que o senador tinha capacidade de arcar com os pagamentos. A previsão é que a perícia fique pronta no dia 15.
“O que for necessário vamos tentar providenciar. Se a perícia se mostrar inconclusiva, vamos analisar outras questões”, disse a senadora Marisa Serrano, uma das relatoras do processo contra Renan.
Na primeira análise que fez nos papéis de Renan, a PF detectou 20 inconsistências ou indícios de irregularidades na documentação. Renan sustenta que teve ganho de R$ 1,9 milhão com a venda de bois desde 2003. Com esses rendimentos, diz ter pago a pensão.
Em relação às transações agropecuárias, a lacuna nos documentos se refere a 2004, quando Renan disse ter negociado 244 bovinos. Na perícia anterior, a PF informou que não podia comprovar a venda de mais de mil cabeças de gado.
O motivo é que há divergências entre notas fiscais e GTAs (Guia de Trânsito Animal) e indícios de irregularidades nas empresas a que Renan disse ter vendido seu gado.
Outra denúncia, publicada pela revista “Veja”, deve agravar a situação de Renan. Segundo a revista, o senador é sócio oculto de empresas de comunicação e teria usado laranjas e pago R$ 1,3 milhão em dinheiro para virar sócio delas.