PF reivindica status de instituição independente
Delegados da Polícia Federal vão intensificar a cobrança por mais autonomia da instituição. Segundo a Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), a presidente Dilma Rousseff receberá, nos próximos dias, um documento em que eles cobram "status de Secretaria Especial ou instituição independente" e a criação do cargo de "delegado-geral de Polícia Federal", uma autoridade cujo processo de escolha seria análogo ao do procurador-geral da República, chefe do Ministério Público.
O documento contém outras propostas de mudança para o funcionamento da PF. Elas são, de acordo com os delegados, necessárias para garantir a efetividade do combate ao crime organizado e a credibilidade da instituição junto à sociedade. Eles querem priorizar, entre os milhares de inquéritos em curso, as investigações sobre grandes esquemas criminosos, em especial os relacionados ao desvio de dinheiro público e à corrupção. Hoje, reclamam, uma maioria de casos menores consomem os poucos recursos que a PF tem.
Os delegados afirmam que a autonomia funcional e administrativa do Departamento de Polícia Federal deve ser assegurada "nos mesmos moldes da Advocacia-Geral da União [AGU] e da Defensoria Pública da União [DPU]". A autonomia não significa, de acordo com o delegado Marcos Leôncio Sousa Ribeiro, presidente da ADPF, uma separação do governo ou do Ministério da Justiça. Ele cita o exemplo da Defensoria Pública que os delegados consideram mais autônoma mesmo estando vinculada à pasta da Justiça. "Nós gostaríamos de ter uma polícia com maior autonomia orçamentária, financeira e funcional. Gostaríamos de ter um mandato do diretor-geral", afirmou.
A ADPF divulgou, sexta-feira, apenas alguns trechos do documento que foi elaborado de 2 a 5 de abril em Vitória, no Espírito Santo, e que deverá ser encaminhado a Dilma e aos presidentes da Câmara e do Senado, do Supremo Tribunal Federal, ao ministro da Justiça e ao atual diretor da Polícia Federal.
Entre as justificativas, os delegados afirmam que "a credibilidade alcançada pela Polícia Federal junto à sociedade brasileira se deve ao efetivo combate ao crime organizado, que afeta não só a União Federal, mas toda sociedade". Segundo a ADPF, em 2013, havia 108 mil inquéritos policiais instaurados pela PF. Só 12 mil eram relacionados a crimes de corrupção.
O repórter viajou a convite da ADPF.