PF vai combater o tráfico também no varejo

13 de setembro de 2007 10:53

Normalmente acostumada a combater grandes traficantes, a Polícia Federal está se preparando no Rio para atuar na repressão ao tráfico no varejo. A recomendação é do novo diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa. A idéia é estender a experiência de troca de informações e a realização de operações entre a PF e a Secretaria de Segurança, posta em prática durante os Jogos Pan-Americanos.

Luiz Fernando Corrêa, que esteve ontem no Rio para participar de um congresso internacional de chefes de polícia, aproveitou para ter uma reunião com o delegado Valdinho Jacinto Caetano, superintendente da PF no Rio. Oficialmente, o assunto tratado no encontro foi administrativo: andamento das obras de reforma da sede da PF e aumento de efetivo.

Durante o Pan, a difusão de dados da Polícia Federal ajudou a evitar várias ações do tráfico. O que o Luiz Fernando Corrêa quer agora é manter essa parceria com a Secretaria de Segurança do Rio e até ampliála com ações efetivas da PF no combate ao tráfico no varejo disse um delegado, que pediu para não ser identificado.

Corrêa tem afirmado aos assessores e auxiliares que a Polícia Federal precisa usar seus recursos para atuar na repressão à violência urbana, especialmente a assassinatos cometidos por grupos de extermínio, tráfico de armas e assaltos praticados por grandes quadrilhas. A idéia é fazer com que a PF, até então dedicada ao combate à corrupção e ao crime organizado, passe a atuar também como força complementar no combate aos crimes contra a vida e contra o patrimônio, além de enfrentar o tráfico no varejo.

A competência legal para a repressão a crimes dessa natureza é das polícias civis e militares, subordinadas aos governos estaduais. Corrêa, segundo tem frisado aos seus interlocutores, acha que a PF pode usar parte de sua capacidade operacional, ociosa em alguns setores, para ajudar a reprimir crimes comuns, mesmo que eles não tenham conexões interestaduais.

Pela proposta do delegado, a PF poderá agir quando for solicitada pelos governos estaduais. A segunda alternativa seria propor parcerias com as polícias locais a partir da descoberta de grandes quadrilhas ou grupos de extermínios.

Parceria desde os tempos do Rio Grande do Sul A cooperação entre a PF e a Secretaria de Segurança do Rio será facilitada pelos laços de amizade entre o diretorgeral da PF e o delegado José Mariano Beltrame, oriundo da PF e atual secretário de Segurança. Os dois são amigos desde o tempo em que trabalharam juntos no Rio Grande do Sul, onde nasceram. E as afinidades não param por aí: Luiz Fernando que tem sua base no combate ao tráfico de drogas foi quem implantou no Rio de Janeiro a Missão Suporte (uma central de inteligência de última geração), criada em agosto de 2003, por decisão do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que se empenhou na captação de recursos.