Polêmica não foi abafada
Diferentemente do que esperavam os aliados do Palácio Piratini, a decisão de levar à CPI do Detran a negativa da PF despertou novos pedidos de esclarecimento dos deputados.
Integrantes da CPI prometeram divulgar hoje uma lista de aspectos não-esclarecidos do negócio. Na avaliação do deputado estadual Elvino Bohn Gass (PT), o governo demonstra preocupação exagerada em relação à casa:
– A governadora deve explicar à sociedade a origem de todos os recursos. Assim, colocaria um ponto final na história.
O porta-voz de Yeda, Paulo Fona, chamou a oposição de “cara-de-pau”. Ele sustentou que a controvérsia dificilmente seria encerrada mesmo que Yeda apresentasse os dados pedidos pelos adversários e disse que a governadora apresentará informações no “momento jurídico adequado”.
– A oposição mente e muda o discurso. Em várias sessões, eles levantaram a história da casa da governadora – afirmou Fona.
Fona disse que o secretário da Segurança Pública, José Francisco Mallmann, determinou que a Polícia Civil requisitasse uma cópia do depoimento do delegado Luiz Fernando Tubino à CPI do Detran. A degravação será encaminhada ao corregedor de Polícia, delegado João Paulo Martins. No depoimento, prestado no dia 24 de abril, Tubino disse ter sido informado de que nas investigações da Operação Rodin havia sido identificado um cheque do empresário Lair Ferst, indiciado pela PF, no valor de R$ 400 mil, e que esse dinheiro teria sido usado na compra da casa de Yeda. A PF negou a informação do delegado.
– O corregedor apurará se efetivamente Tubino fez as insinuações sobre a casa da governadora e se ele teria dito que obteve essas informações junto à Polícia Federal – diz o chefe de Polícia, Pedro Rodrigues.
Dúvidas sobre negócio foram levantadas por deputado
Segundo Rodrigues, se as insinuações feitas por Tubino forem infundadas, ele poderá responder a inquérito por falsa imputação de crime e pela “emissão de conceitos desabonatórios contra superior hierárquico ou autoridade constituída” ao final do processo interno da Polícia Civil. Se o Conselho Superior de Polícia constatar a existência de crime, o caso de Tubino pode chegar ao Judiciário – no caso, ao Supremo Tribunal Federal (STF), por se tratar da governadora.
A compra da casa foi mencionada pela primeira vez na CPI pelo deputado Paulo Azeredo (PDT) no dia 14 de abril. Azeredo perguntou se o secretário de Governo de Canoas, Francisco Fraga, tinha conhecimento de que uma casa na Rua Araruama, na Capital, teria sido comprada com sobras de campanha. Azeredo citou a matrícula do imóvel da governadora.
Questionada na Rádio Gaúcha, Yeda disse que comprou a casa com o dinheiro da venda de apartamento em Brasília, de outro em Capão da Canoa, da venda de um carro e de economias. Segundo certidão emitida pelo 5º Tabelionato de Notas, a casa foi comprada por R$ 750 mil, pagos por meio de cheque no valor de R$ 510 mil, R$ 40 mil em dinheiro e dívida do antigo proprietário, no valor de R$ 200 mil, assumida por Yeda.