Polícia do Rio usa mais tecnologia contra o crime

15 de agosto de 2007 13:15

Para isso, grupos de delegados das unidades especializadas estão se reunindo com freqüência para planejar ações de impacto em diversas favelas. Nas reuniões, a convicção generalizada é de que um dos principais aliados da Polícia nas operações é a tecnologia.

Nossa prioridade, hoje, não é prender o líder do tráfico, mas atingir a quadrilha financeiramente. Assim, eles não terão condições de comprar armas e drogas. Prender o chefão será uma conseqüência desse enfraquecimento, explica o diretor do Departamento de Polícia Especializada (DPE), o delegado Allan Turnowski, que coordena as operações.

Ações integradas das delegacias especializadas

Segundo Turnowski, as delegacias especializadas  Roubos e Furtos de Carros, de Cargas, Repressão a Entorpecentes e Armas e Explosivos, entre outras  estão na linha de frente do combate à criminalidade. A idéia é montar grandes operações de resultados. Para alcançar o objetivo, policiais recorrem aos recursos tecnológicos disponíveis. E também contam com novos investimentos.

Estamos planejando ações integradas. Ou seja, quando entramos numa favela, nossa meta não é só cumprir mandados de prisão, mas também recuperar veículos roubados e apreender o maior número possível de armas e drogas, afirma. A polícia precisa de tecnologia para ter mais agilidade.

Além do Centro de Controle, com câmeras instaladas em pontos estratégicos da cidade, cedido pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (veja ao lado o vídeo da Globo News sobre “Tecnologia de segurança”) a polícia conta agora com um novo equipamento para interceptações telefônicas .

O novo sistema – Guardião – permite análises de dados de inteligência policial e a execução de escutas simultâneas. Isso aumentou a capacidade de monitoramento da polícia e revelou, numa conversa entre um traficante da Rocinha e uma mulher, a mudança de comportamento das quadrilhas depois da megaoperação no conjunto de favelas do Alemão, no subúrbio do Rio, em junho, quando 19 pessoas morreram.

Traficante diz que melhor estratégia é recuar

Na gravação (escute aqui), o traficante afirma que para evitar mortes a quadrilha não deve enfrentar a polícia. Eles (os policiais) estão fazendo o serviço deles. A gente tem que fazer o nosso, que é se esconder deles. A mulher comenta, com ironia: É. Eles até avisaram que vinham, provavelmente numa referência ao anúncio antecipado das operações e aos alertas aos traficantes feitos pelo policial civil Sérgio Luiz de Albuquerque, preso sob a acusação de vazar informações sobre ações na favela.

Programas na internet são outras ferramentas que a polícia passou a usar. Um exemplo: o policial fotografado usando um laptop durante ação na Rocinha, em São Conrado, Zona Sul do Rio, no dia 2.

Ele acessava o programa Google Earth para comparar imagens da região feitas por satélite. A finalidade é atualizar o mapeamento das favelas elaborado a partir de informações de colaboradores da polícia. É um recurso que não podemos dispensar, afirma o delegado.

Esse novo conceito tem sido estimulado, principalmente, pelo secretário de Segurança Pública (Seseg), José Mariano Beltrame, que já foi chefe da Interpol e atuou na área de Inteligência da Polícia Federal no combate ao crime organizado.