Polícia Federal culpa 3 alunos

14 de setembro de 2007 11:10

Os estudantes Roosevelt Reis, 32 anos, José Francisco Rodrigues de Araújo, 27 anos, e Wagner Guimarães Guedes, 30 anos, foram indiciados pela Polícia Federal como responsáveis pelo incêndio na Casa do Estudante Universitário, ocorrido em 28 de março deste ano. Os jovens são acusados de provocar danos aos bens de uma fundação pública, crime que pode acarretar de três a seis anos de reclusão, e por racismo, cuja pena varia de dois a cinco anos. Wagner Guedes, estudante de engenharia florestal, é também acusado de tráfico de drogas. Durante as investigações, agentes da Polícia Federal encontraram no quarto dele drogas e uma balança de precisão. A investigação da PF aponta Wagner como o mentor intelectual do incêndio no alojamento. Para a conclusão do inquérito, a Polícia Federal F ouviu alunos, ex-alunos e servidores da universidade. Foram realizados exames de DNA dos principais suspeitos. A perícia encontrou impressões digitais e material genético de Roosevelt Reis, estudante de química, na garrafa com gasolina usada para provocar o incêndio. A garrafa foi encontrada no dia do incêndio, perto de uma das portas em que foi ateado o fogo. Na madrugada do dia 28 de março de 2007, quatro apartamentos do alojamento de estudantes da UnB tiveram as portas queimadas. Os extintores de incêndio do primeiro e do segundo andar do prédio foram esvaziados. Em todos os apartamentos atingidos pelo fogo moravam africanos que estudam na universidade. Na época, os estudantes estrangeiros contaram que sofriam ameaças e eram ofendidos por alguns estudantes brasileiros. A superintendente da Polícia Federal, Valquíria Teixeira de Andrade, disse que o ato não foi qualificado como tentativa de homicídio. Mas, segundo ela, o incêndio foi uma demonstração de intolerância e preconceito aos estudantes estrangeiros na universidade. Disse ainda que outras pessoas poderão ser indiciadas, dependendo dos laudos que estão em fase de conclusão. O racismo caracterizado foi em relação aos estudantes estrangeiros na universidade, não foi racismo em relação a cor disse Valquíria Teixeira. O inquérito da Polícia Federal foi encaminhado à Justiça Federal, que o enviou ao Ministério Público. O órgão será o responsável em propor ação penal contra os três estudantes. O procurador-geral da UnB, Weber Holanda Alves, disse a sindicância interna aberta pela universidade que deve ser concluída na semana que vem. Com isso, será aberto um processo administrativo disciplinar contra os alunos envolvidos, que poderão ser expulsos da UnB. O processo será finalizado em um prazo máximo de 60 dias, até lá os estudantes poderão freqüentar as aulas normalmente. De acordo com Weber, não existe xenofobia no alojamento, mas apenas problemas normais de brigas entre vizinhos. São brigas relacionadas a barulho, som alto à noite, esse tipo de coisa. Não existem demonstrações de racismo na UnB disse. Segundo ele, após o incêndio, foi reforçada a segurança no CEU e as regras de convivência estão sendo reformuladas, para evitar as brigas entre os estudantes.