Polícia Federal investiga lavagem de dinheiro em campanhas eleitorais

17 de agosto de 2016 12:39

A Polícia Federal fez na última terça-feira (16) a sexta fase da Operação Acrônimo. As investigações apuram a lavagem de dinheiro em campanhas eleitorais e suspeitas sobre a concessão de empréstimos do BNDES.

 

Policiais buscaram provas em São Paulo e em Minas Gerais. Em Belo Horizonte, o secretário-geral da Governadoria do governo de Minas Gerais, Eduardo Serrano, foi levado para depor na Polícia Federal.

 

Em São Paulo, a Polícia Federal fez buscas na sede da construtora JHSF, responsável pelo aeroporto Catarina, em São Roque, no interior de São Paulo. Dirigentes da empresa também foram levados para depor.

 

Em delação premiada, o empresário Benedito Oliveira Neto, o Bené, apontado como operador do governador de Minas, Fernando Pimentel, do PT, falou em pagamento de propina pelo grupo JHSF.

 

Segundo as investigações, em 2012, quando Pimentel era ministro do Desenvolvimento, ele e Bené discutiram como intermediar empréstimo do BNDES – que é vinculado ao ministério – para a JHSF, a pedido da empresa. Bené disse que o governador cobrou R$ 5 milhões para que o grupo pudesse operar no aeroporto.

 

Bené contou também que a JHSF pagou caixa dois de campanha para Pimentel em 2014, simulando um contrato com o Instituto de Pesquisas Vox Populi. O valor: R$ 750 mil.

 

Por causa das acusações feitas na delação, o Vox Populi foi alvo da operação desta terça, em Belo Horizonte. Policiais cumpriram mandado de busca autorizado pelo Superior Tribunal de Justiça. Desde maio de 2015, a Operação Acrônimo investiga um esquema de lavagem de dinheiro em campanhas eleitorais.

 

Agora falta o STJ decidir se vai abrir ação penal contra Fernando Pimentel. Apesar de ser o tribunal responsável por julgar governadores, a defesa diz que ele só pode ser alvo de processo com autorização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. No início de agosto, o STJ adiou mais uma vez o julgamento desse recurso, que ainda não tem data para ser analisado.

 

A JHSF declarou que não está envolvida em ilícitos, que sempre obedeceu à legislação vigente e reafirmou a disposição de colaborar com as investigações.

 

A Vox Populi declarou que disponibilizou a documentação solicitada nesta terça e que continua pronta para atender a outras solicitações das autoridades.

 

A defesa do governador de Minas declarou que a operação desta terça é um factoide criado para influenciar o julgamento do recurso de Pimentel no STJ.

 

O advogado de Eduardo Serrano declarou que ainda não teve acesso ao inquérito.

 

O advogado de Benedito Oliveira, Roberto Palhiuso, preferiu não se manifestar, em respeito ao sigilo do caso.

 

O BNDES declarou que o governador Fernando Pimentel, quando era ministro do Desenvolvimento, ocupou a presidência do Conselho de Administração do Banco e que o conselho não participa de decisões sobre as operações do banco. O BNDES acrescentou ainda que seus financiamentos seguem todos os critérios impessoais de análise, com a participação de dezenas de técnicos concursados e órgãos colegiados, além da exigência de garantias sólidas.