Polícia interceptou centenas de e-mails

17 de outubro de 2007 07:00

Com a interceptação de e-mails, cada vez que um dos alvos da investigação mandava ou recebia uma mensagem, sem saber uma cópia era expedida pelo provedor para os investigadores. Isso levou para as mãos dos procuradores e policiais os pedidos de importação da Mude e as orientações para a importação dos produtos e o envio de divisas para o exterior.

É ainda com base nos documentos contábeis trocados por e-mail entre os diretores que os integrantes do Ministério Público Federal (MPF) e de delegados da PF chegaram à conclusão de que a Mude funcionava como o setor de importações de fato da Cisco.

Durante a operação de ontem, o cuidado dos investigadores foi tanto que eles resolveram parar as buscas em uma das sedes da Cisco, em um prédio perto da Marginal Pinheiros, na zona sul de São Paulo, para obter um novo mandado de busca e apreensão.

O documento original emitido pela Justiça permitia a revista em apenas um dos andares ocupados pela empresa e os investigadores precisavam revistar outro andar. O novo mandado serviu para evitar que a defesa alegasse mais tarde que as provas haviam sido obtidas por meio de ação ilícita. Os agentes federais saíram de lá levando documentos e computadores da sede da multinacional.

Por enquanto, as investigações demonstram que os clientes brasileiros da Cisco não tinham conhecimento ou participação na fraude, pois pagavam, normalmente, preços de mercado pelos produtos. Nos 18 volumes do inquérito, há também indícios de corrupção contra quatro auditores fiscais que trabalhavam na alfândega nos portos de Ilhéus e Salvador, na Bahia.

Desde que começaram a desconfiar da fraude, o MPF e a PF alertaram a Receita Federal, que submeteu à vigilância redobrada as importações das empresas suspeitas. Elas deviam passar pelo canal cinza da alfândega, para que o conteúdo dos carregamentos fosse verificado. A ordem, no entanto, teria sido burlada pelos fiscais, que continuaram a liberar as mercadorias no mesmo dia.

ORGANOGRAMA

No organograma da quadrilha montado pelos federais, os fiscais estariam entre os chamados colaboradores. Ele seria composto por 8 sócios laranjas das empresas envolvidas nas fraudes, 15 funcionários dessas empresas e por três despachantes aduaneiros.

Acima dos colaboradores, há o grupo identificado como os gerentes . Eles são administradores ou gerentes das empresas investigadas. Ao todo, 13 pessoas compõem esse grupo – só três delas não tiveram suas prisões decretadas pelo juiz Alexandre Cassetari, da 4º Vara Criminal Federal de São Paulo. Por fim, há os chamados chefes – 14 pessoas, todas com prisão decretada pela Justiça.