Polícia mira Andrés em caso de evasão de divisas

A eleição de Andrés Sanches para presidente não afastou a Polícia Federal do Corinthians. O cartola é um dos alvos no novo inquérito sobre a MSI.

A intenção da PF é verificar se ele se envolveu no pagamento de atletas no exterior, o que caracterizaria evasão de divisas. Policiais ainda querem saber se Andrés era homem de confiança de Kia Joorabchian, o presidente da MSI, como indicam grampos telefônicos.

A PF marcará depoimento do presidente corintiano na nova fase de investigações, iniciadas com a volta do delegado Protógenes Queiroz da Rússia.

“Pode investigar”, disse Andrés, que já fora ouvido pela polícia em 2006. Na época, policiais não tinham as escutas.

Nelas, Andrés aparece com forte ligação com Kia. Em diálogo de agosto de 2006, ele mostra intenção de viajar a Londres para dar os pêsames pela morte do pai do iraniano.

Após seu depoimento, em outubro, Andrés liga para o advogado da MSI Alexandre Verri para contar o que falou. Combinam estratégia conjunta. “[O delegado] perguntou para mim de dinheiro lá fora. Falei: “Negociação de jogador não sei de nada”. (…) Perguntou: “Jogador tem dinheiro lá fora?”. Falei: “Não sei”.”, contou Andrés. “A gente pode fazer uma reunião com seu advogado”, disse Verri.

À Folha Andrés afirmou ter dito à polícia que as negociações de jogadores da MSI ocorriam no exterior. “Era pago lá fora”, disse. E disse não saber sobre salários no estrangeiro.

Antes de depor, Andrés ligou para o ex-presidente Alberto Dualib para acertar o que falar.

A PF apura se Andrés tentava chegar ao poder com a ajuda de Kia. Isso é indicado em diálogos de Dualib, Renato Duprat e outros aliados, que tentavam impedir isso. “Eles estão indo lá [para Londres] porque o Andrés deve ter falado que o Boris [Berezovski] os recebe. E que o Kia vai atendê-los”, declarou o ex-vice de futebol Rubens Gomes, já neste ano.

Andrés descartou ajuda de Kia para se eleger. “Isso é brincadeira”, rebateu. Em outro diálogo, fica claro que Andrés pagou pela campanha.

A PF marcou depoimentos de jogadores e técnico, investigados por evasão de divisas, para segunda e terça. Nilmar, Magrão, Roger, Silvio Luiz, Gustavo Nery e Leão devem falar sobre como recebiam salários.