Polícia sem Política
A Polícia Federal e a sistemática processual penal brasileira não permitem mais qualquer contaminação política nas investigações federais. A PF é uma instituição apartidária, um órgão que pertence apenas ao cidadão brasileiro. É um grande equívoco quando redes sociais ou outros instrumentos de comunicação insinuam que algum inquérito penal foi feito por esta ou aquela ala política da polícia. Isso se deve muito mais à fantasia intencional – essa sim partidária – que ao mundo dos fatos. Quem conhece o funcionamento da investigação criminal no Brasil sabe que a PF é fiscalizada, interna e externamente, por vários setores e instituições, o que impede arbitrariedades.
Um dos vários controles externos, por exemplo, é feito por Procuradores da República que, enquanto fiscais da lei, acompanham todos os passos de uma investigação. Já o Judiciário, único que pode liberar interceptações telefônicas/telemáticas/ambientais ou qualquer mitigação nos direitos e garantias individuais, o faz apenas após a embasada representação policial com suporte em fortes indícios e o esgotamento de outros métodos preliminares de apuração.
A prisão, pelas recentes reformas do Código de Processo Penal, é uma verdadeira exceção, na atual sistemática, o que exige extrema habilidade do nosso investigador. Ou seja, é praticamente impossível partidarizar averiguações no bojo de um inquérito penal, pois o grau de vigilância de outros órgãos é enorme. Como se isso não bastasse, a própria Corregedoria da PF tem uma atuação eficaz no controle da atividade de seus servidores. E isso acontece não só no sentido repressivo, mas também na direção de se orientar e de resguardar a qualidade da cadeia da custódia da prova, visando à legalidade como um todo.
Partidarização mesmo é o que acontece quando alguns grupos, de fora da polícia, usam operações da PF para atingir inimigos, ou então eles tentam desconstruir um trabalho extremamente técnico acusando que a apuração do crime tem cunho político. Isso sim é política, mas não a da PF. É uma politização desenvolvida pelas forças eleitorais do país, dentro de um jogo democrático, mais ou menos ético, jogado fora da polícia, apesar de lhe fazer referência.
O partido da Polícia Federal é o Brasil. Somos a Polícia Republicana do país. É claro que quando uma operação nossa desagrada à oposição, imediatamente, seremos acusados, por alguns, de que os “policiais governistas” estão atacando seus inimigos. Da mesma maneira, quando prendemos alguém, alinhado ao governo, seremos ocasionalmente acusados de estarmos na ala oposicionista da polícia que, em tese, estaria “descontrolada”.
Contudo, o que a polícia mais tem são controles que trazem transparência no cumprimento de sua missão constitucional. Fato é que qualquer aparato investigativo do Estado vai ferir interesses. O uso que fazem de nossas operações não é do nosso controle. Contudo, quando investigamos, podemos assegurar que o fazemos com muito profissionalismo e respeitando todas as garantias constitucionais do cidadão e dos partidos. O único partido que a PF toma é o do Brasil, sem corrupção, um país melhor, onde a as investigações criminais não sejam usadas em desfavor de pessoas físicas ou jurídicas, mas sim para apuração de fatos em desfavor da impunidade que tanto prejudica a sociedade brasileira.