Policiais detidos após morte de jovem de 15 anos

17 de dezembro de 2007 12:41

Os fatos ocorreram por volta das 3h30, quando três viaturas chegaram à casa do garoto, suspeito de ter furtado uma moto Honda NSX Bros.

Segundo a versão dos policiais, a casa foi aberta pela mãe do rapaz, Elenice Silveira Rodrigues, de 56 anos. Mas sua filha Deise, de 22 anos, disse que os policiais arrombaram o portão e uma janela e, quando sua mãe abriu a porta, invadiram a casa, dirigindo-se ao quarto onde se encontrava o garoto, que foi algemado e passou a ser chamado de “vagabundo”, agredido e a gemer muito.

Segundo Deise, quando ela e a mãe interferiram, foram mandadas ficar quietas até que, meia hora depois, os policiais saíram do local levando Carlos desacordado e informando que o encaminhariam ao pronto socorro, onde o jovem morreu logo após dar entrada.

O tenente Roger Marcel Vitiver Soares de Souza, de 31 anos, que participava da ocorrência, relatou no inquérito que deixou dois soldados tomando conta do rapaz em seu quarto. Ele disse que foi acompanhar a vistoria no resto da casa e comunicar-se com o controle da PM para requisitar a presença de um perito para identificar um tijolo de maconha de 350 gramas que teria sido encontrado no guarda-roupa e do guincho para remover a motocicleta furtada, que estava no quintal da casa, quando foi avisado que havia problema no local. Lá chegando, encontrou o menor caído ao chão e molhado, e os soldados disseram que ele havia tido um mal-súbito, mas não sabiam explicar o ocorrido.

Ao mesmo tempo em que providenciou a remoção do jovem ao pronto-socorro, o oficial deu voz de prisão aos dois policiais e os encaminhou sob escolta ao 4º BPM/I, onde foi aberto o inquérito policial militar. Mais tarde, o comando decidiu prender todos os participantes da ocorrência.

Além do tenente, foram recolhidos o cabo Gerson Gonzaga da Silva, de 42 anos, e os soldados Emerson Ferreira (35), Ricardo Ottaviani (34), Maurício Augusto Delasta (33) e Juliano Arcângelo Bonini, de 34 anos. Gonzaga foi surpreendido quando guardava na viatura um fio com pontas descascadas, supostamente usado para torturar a vítima.

Crime militar
O comandante do 4º BPM/I, tenente-coronel José Humberto Nardo, disse em nota oficial que há indícios de crime militar na atuação e, por isso, os envolvidos foram autuados e escoltados ao presídio militar. Também afirmou que a vítima foi reconhecida como sendo autora do roubo da moto, ocorrido na noite do sábado em uma corrida entre o centro da cidade e o distrito industrial.

Carlos Rodrigues Júnior foi sepultado sábado às 21h30. O médico Ivan Segura, chefe da unidade regional do Instituto Médico Legal, disse que o corpo apresentava marcas de queimaduras provocadas por choque elétrico e hematomas resultantes de espancamento. O laudo oficial será divulgado nesta segunda-feira.