Policial preso teria ido passear em shopping

26 de outubro de 2007 10:26

O juiz da 4ª Vara Federal Criminal, Vlamir Costa Magalhães, decidiu transferir os inspetores conhecidos como “inhos” para o Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, a pedido do Ministério Público Federal, por suspeitar que eles tinham regalias nas carceragens da Polinter e da Divisão Anti-seqüestro (DAS). Com base num relatório da Polícia Federal, no dia 8 de junho, o policial civil Jorge Luís Fernandes, o Jorginho, teria deixado a prisão para ir ao BarraShopping , onde teria sido visto em companhia de outra pessoa.

Essas saídas da carceragem da Polinter de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, de acordo com a Polícia Federal, seriam rotineiras e com um véu de legalidade , uma vez que teriam sido autorizadas por uma autoridade policial com as justificativas de ouvir os presos ou ainda de levá-los para consultas ou exames médicos. A Polícia Federal chegou a pedir as imagens do circuito interno de câmeras do BarraShopping, mas não teria obtido êxito.

Além de Jorginho, fazem parte do grupo dos “inhos” os inspetores Hélio Machado da Conceição, o Helinho, e Fábio Menezes de Leão, o Fabinho, todos presos em dezembro do ano passado, durante a Operação Gladiador, acusados de ligação com a máfia dos caça-níqueis, contrabando de componentes eletrônicos e loteamento de delegacias. Segundo a PF, os policiais seriam chefiados pelo deputado estadual Álvaro Lins, ex-chefe de Polícia Civil.

A Operação Gladiador foi desencadeada com base em denúncias do delegado Alexandre Neto, vítima de atentado, no início do mês passado, em Copacabana.
A PF investigou ainda a participação dos “inhos” na prisão do contraventor Fernando de Miranda Iggnácio, beneficiando seu rival na exploração das máquinas de caça-níqueis, Rogério Andrade, que teria pago R$ 1 milhão pelo serviço .

MP pede transferência por questão de cautela O Ministério Público Federal informou que, apesar de as irregularidades nas carceragens não terem sido comprovadas, requereu a transferência para o mesmo presídio federal onde o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, cumpre pena, por questão de cautela e porque eles têm direito a prisão especial. Há ainda informações, segundo o despacho do juiz, de que Jorginho saía de duas a três vezes por semana, indo inclusive para sua casa, no Recreio.

De acordo ainda com a decisão do justiça, por gozar de bom trânsito com a segurança do shopping, Jorginho é suspeito de evitar que as imagens chegassem às mãos dos investigadores da Polícia Federal. O juiz da 4º Vara Federal Criminal concluiu que há muito já restou configurado que o falido sistema carcerário do Estado do Rio de Janeiro não tem qualquer condição de custodiar, com seriedade e efetividade, os réus em referência .

Apesar de a justiça determinar a transferência imediata dos três inspetores, até a noite de ontem eles continuavam presos no Rio. Um pedido de habeas corpus em favor de Jorginho também foi negado ontem pela Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por maioria, outra derrota dos “inhos” .