Ponto para a Polícia Federal

6 de dezembro de 2012 13:30

 

Em audiência pública realizada na última terça-feira, 4, na Câmara dos Deputados para discutir a Operação Porto Seguro, estiveram presentes o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o diretor-geral da Polícia Federal, delegado Leandro Daiello Coimbra, e o superintendente regional da PF em São Paulo, delegado Roberto Ciciliati Troncon Filho. O diretor de Assuntos Parlamentares da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Anderson Gustavo Torres, acompanhou a reunião.
 
As investigações da Operação Porto Seguro se iniciaram em 2011, com a apresentação de notícia-crime pelo ex-auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), Cyonil Borges, que contou à Polícia Federal ter recebido uma oferta de R$ 300 mil para emitir parecer técnico favorável à empresa Tecondi. Ele chegou a receber R$ 100 mil desse dinheiro, mas arrependeu-se e delatou o esquema.
 
A Operação Porto Seguro foi deflagrada pela Polícia Federal em 23 de novembro e investiga o esquema de corrupção que envolve a compra de pareceres técnicos de órgãos oficiais para atender interesses de empresas. 
 
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que dentre os cinco indiciados pela Polícia Federal por formação de quadrilha, ninguém trabalha na Presidência da República. “Portanto, não se pode dizer que há uma quadrilha de crime organizado no seio da Presidência da República”, disse.
 
Cardozo prestou esclarecimentos sobre a Operação Porto Seguro e, ao ser questionado sobre o seu conhecimento sobre essa operação, afirmou que apesar de a Polícia Federal ser subordinada ao seu Ministério, a operação não teve interferência dele, ou seja, não houve interferência política. "Hoje dirijo uma Polícia Federal que não se submeterá, em momento algum, a orientações políticas de instrumentalização ou de apaziguamento", disse. O ministro acrescentou ainda que a PF evoluiu e, hoje, é uma polícia de Estado que não se submete a qualquer situação de injunção política ou que não seja de dimensão republicana.
 
Na reunião, foi questionado o envolvimento de Rosemary Noronha, ex-chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo, com a quadrilha que negociava a venda de pareceres favoráveis a empresas. Os representantes da PF foram indagados sobre uma possível viagem dela para Portugal com uma "mala diplomática" contendo 25 milhões de euros.
 
O delegado Roberto Troncon, superintendente regional da PF em São Paulo, afirmou que o órgão desconhecia a informação até ela ser publicada em um blog na internet no domingo. “Diante dessa informação, que para nós é nova, vamos movimentar nosso adido em Lisboa para buscar mais informações”, disse Troncon.
 
Proposta pelos deputados Efraim Filho (DEM-PB), Edson Santos (PT-RJ) e Mendonça Filho (DEM-PE), a audiência foi realizada pelas comissões de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado; e de Fiscalização Financeira e Controle.
 
Ao final da sessão, o presidente da Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, Efraim Filho, afirmou que ainda é necessário analisar com mais profundidade os documentos obtidos durante a operação para que se chegue a uma conclusão sobre o envolvimento da ex-chefe de gabinete com os integrantes da quadrilha.
 
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