Possíveis grampos na reitoria da UnB
Segundo Aguiar, investigações preliminares confirmaram que havia escutas no local. A suspeita é de que a própria gestão de Timothy tenha instalado o sistema para registrar conversas entre o então reitor e seus interlocutores.
As gravações teriam sido mantidas durante a ocupação da reitoria por estudantes e, em seguida, no primeiro mês da gestão de Aguiar. Como a apuração da PF ainda não foi concluída, o novo reitor trata do tema com cautela:
– Parece que a outra gestão se autogrampeava, mas não dá para afirmar ainda se é isso mesmo, para não cometer injustiça.
Quando assumiu a reitoria, Aguiar teria logo levantado a suspeita de grampo. Recomendou uma reforma no forro de seu gabinete para rastrear o local. Segundo seu chefe de gabinete, Rodrigo Falcão, foram encontrados apenas fios perdidos e morcegos. Há cerca de duas semanas, a nova direção resolveu chamar órgãos federais de segurança, entre eles a Polícia Federal, para aprofundar a investigação.
Cinco tipos de freqüência encontrados no gabinete
Falcão relatou que nenhum aparelho físico, como microfones ou câmeras, foi encontrado no gabinete. No entanto, cinco tipos de freqüência foram detectadas no local – o que, segundo técnicos da PF, transformava o gabinete em um ambiente altamente propício para a escuta eletrônica das conversas.
Um teste feito pelos técnicos comprovou que diálogos travados dentro do gabinete podem ser captados à distância, desde que utilizados equipamentos específicos de radiofreqüência. Para que o sistema funcione, é preciso que um aparelho esteja instalado no gabinete ou nas proximidades dele – numa árvore ou mesmo na grama. Esse dispositivo não foi localizado. Os policiais devem concluir as investigações em 45 dias.
– Há indícios de que freqüências aqui no prédio podem ser utilizadas em escutas do som ambiente com facilidade – disse Falcão.
Diante dos indícios de espionagem, a reitoria pediu aos órgãos federais que instalassem no prédio um sistema anti-escuta. O pedido será atendido. Aguiar disse não ter se espantado com os grampos.
– Não me surpreendo com mais nada, já fui secretário de Segurança – afirmou.
Entre professores ligados à nova administração, correm rumores de que o gabinete estava sendo também filmado. E que imagens das audiências de Timothy e da ocupação dos estudantes estariam guardadas na UnB. Falcão nega:
– Não há imagens, que eu saiba.
O GLOBO entrou em contato com professores próximos do ex-reitor para ouvi-lo sobre as suspeitas. Eles disseram que Timothy não quer falar com a imprensa.