Presidente da ADPF fala sobre o VI Congresso

13 de março de 2014 17:27

O presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Marcos Leôncio Ribeiro, está a mil por hora. Afinal, ele cuida com sua equipe de colaboradores – diretores e funcionários da entidade e demais parceiros institucionais –, dos últimos  preparativos para o VI Congresso Nacional dos Delegados de Polícia Federal (VI CNDPF), que vai acontecer em Vila Velha dos dias 2 a 5 de abril e  abordará os desafios da PF no enfrentamento ao crime organizado.

Mesmo com a correria diária provocada pela importância e responsabilidade de dirigir uma entidade como a ADPF e, mais, organizar o VI CNDPF, o  delegado federal Marcos Ribeiro parou para atender o Blog do Elimar Côrtes. Nesta entrevista, ele fala de sua expectativa para o evento e reconhece que “toda instituição pública precisa ser permanentemente repensada com foco na eficiência da prestação de serviços à sociedade brasileira.”

Porém, para o dirigente classista, o grande desafio hoje da Polícia Federal brasileira no enfrentamento ao crime organizado “é administrar os recursos disponíveis. É a gestão de pessoas e de processos”. Marcos Ribeiro salienta:

“A comunidade internacional espera do País avanços no enfrentamento à corrupção. A população brasileira cobra avanços no combate ao desvio de recursos públicos. Há muito trabalho ainda a ser feito.”

Blog do Elimar Côrtes – Qual a importância do VI Congresso Nacional dos Delegados de Polícia Federal para este momento que o País atravessa em que, pela primeira vez, a população tem a sensação de que quem pratica crimes contra a administração  pública de fato está sendo julgado e condenado?
Marcos Leôncio Ribeiro – Toda instituição pública precisa ser permanentemente repensada com foco na eficiência da prestação de serviços à sociedade brasileira. Não é diferente com a Polícia Federal. O VI Congresso é a oportunidade de reunir delegados de Polícia Federal de todo o País, a cada dois  anos, para reflexões sobre o papel a ser desempenhado pela instituição diante dos desafios futuros que a ela se impõe pela criminalidade organizada do século XXI.

Com certeza, do evento sairão diretrizes com a finalidade de tornar qualificada a repressão ao desvio de recursos públicos e aos delitos transnacionais notadamente o crime organizado e a deliquência econômica e financeira.

– Quais são atualmente os principais desafios da Polícia Federal no enfrentamento ao crime organizado?
– O grande desafio é administrar os recursos disponíveis. É a gestão de pessoas e de processos. Como fazer mais e melhor com o que está a sua disposição. Como ser cada vez mais eficiente frente à crescente criminalidade e de que forma manter a confiança da sociedade diante do aumento de atribuições da Polícia Federal.

É motivo de orgulho todas as vezes que a PF é demanda nos casos de federalização de crimes, mas por outro lado deve haver investimentos correspondentes para atender essas novas demandas.

– O caso da condenação dos acusados no mensalão pode significar uma reviravolta do sistema de Justiça brasileiro em julgar criminosos do colarinho branco?
– O Brasil passa por um processo de reafirmação de suas instituições democráticas com ciclos de avanços e retrocessos. A comunidade internacional espera do País avanços no enfrentamento à corrupção. A população brasileira cobra avanços no combate ao desvio de recursos públicos. Há muito trabalho ainda a ser feito.

– Durante o Congresso os delegados vão debater temas relacionados às atividades e desenvolvimento da Polícia Federal. O senhor pode antecipar que temas são esses?
– A nova legislação sobre anticorrupção de empresas e as leis sobre organizações criminosas e lavagem de dinheiro serão temas presentes. Diante da realidade portuária local, vamos abordar também os reflexos penais de questões ambientais, aduaneiras e de comércio exterior.

– Qual importância tem para o Espírito Santo, um Estado que está sempre enfrentando problemas relacionados às atividades do crime organizado,  sediar um congresso de delegados federais?
– O Espírito Santo vivenciou de forma mais aguda os males que o crime organizado é capaz de produzir na economia, política e sociedade capixaba. É, portanto, uma experiência importante para subsidiar os debates do VI Congresso. Aliás, a Polícia Federal teve seu papel nesse processo de enfrentamento ao crime organizado no Estado.

– Como está, atualmente, o relacionamento dos delegados de Polícia Federal com a cúpula da instituição? Os delegados federais têm, realmente, autonomia nas investigações policiais?
– A Polícia Federal é uma instituição dirigida por delegados de Polícia Federal e baseada na hierarquia e disciplina. Portanto, a relação da classe com a Direção-Geral leva em conta esses princípios. Por outro lado, por lei, como por exemplo a Lei 12.830/13, é assegurado ao delegado de Polícia Federal na condução das investigações criminais a necessária isenção e imparcialidade e garantias contra eventuais interferências indevidas.

Assim cabe à ADPF, como entidade representativa da classe, zelar para que esse relacionamento seja sempre pautado no respeito com independência na condução das investigações policiais.