Presidente da Assembleia do AP depôs à PF sobre grampos
O presidente da Assembleia Legislativa do Amapá, Jorge Amanajás (PSDB), disse que foi questionado pela Polícia Federal sobre a folha de pagamentos do órgão, sobre uma Fundação da qual participa e sobre dois grampos telefônicos feitos pela PF dentro da Operação Mãos Limpas, que prendeu o governador Pedro Paulo Dias (PP) e mais 17 pessoas na sexta-feira passada (10). Amanajás, que é candidato ao governo estadual, foi um dos 87 que teve de prestar depoimento à PF por ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Em entrevista ao G1 no seu escritório político em Macapá nesta segunda-feira (13), Amanajás disse não ter visto qualquer problema em prestar esclarecimentos à PF. “Pela minha condição de presidente da assembléia, claro que a gente tem de estar preparado para todo e qualquer questionamento em relação àquilo que a gente faz”.
Amanajás contou que a maior parte das perguntas foi sobre a folha de pagamentos da Assembleia. Segundo o presidente do Legislativo local, existem atualmente 138 servidores efetivos na Casa e cada parlamentar tem mais R$ 30 mil para gastar com servidores comissionados. Ele, por exemplo, diz ter cerca de 40 assessores.
O presidente da Assembléia afirmou que não há qualquer irregularidade na folha e que mesmo com a apreensão de documentos e computadores no órgão tudo deve estar normalmente para o fechamento da folha de pagamento dos servidores, que acontece no dia 20.
Em relação aos grampos, Amanajás afirmou que em um deles ele pedia que a Casa Militar acompanhasse o caso de uma pessoa que se passava por assessor do parlamentar para aplicar golpes no interior do estado. Na outra ligação interceptada pela PF o presidente da Assembléia reclamava de uma matéria em um jornal local que o colocava como candidato “ficha suja”.
A PF quis saber também sobre a relação de Amanajás com uma fundação. O presidente da Assembléia diz ser apenas professor voluntário no local, onde também foi realizado busca e apreensão pela PF.
Amanajás diz não saber porque a Assembléia foi envolvida na Operação se o foco era o governo estadual e desvios no Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundef), como foi divulgado inicialmente pela PF. Ele ressalta que foi na Assembléia que surgiu a denúncia de desvios na área de educação ainda no ano passado e que estas suspeitas foram levadas na ocasião pela comissão de educação ao Ministério Público.
O presidente da Assembléia não acredita que o escândalo possa influenciar a sua campanha. Ele destaca que todos os principais candidatos podem ter algum possível envolvimento com as acusações feitas na Operação. Ele aparece nas pesquisas de intenção de voto em situação de empate técnico no segundo lugar com Pedro Paulo Dias (PP). Em primeiro lugar está Lucas Barreto (PTB) e em quarto Camilo Capiberibe (PSB).
“A minha campanha propriamente não prejudicará, mas ela influenciou no quadro eleitoral, uma vez que foi preso o governador do estado, candidato, então nós vamos precisar aguardar um pouco para ver como a população vai entender isso tudo. É bom que se diga que todos os candidatos, à exceção do PSTU, têm ligação ou com o governo ou com a Assembléia. Temos o governador que foi preso, eu, como presidente da Assembléia, tem o deputado Camilo Capiberibe (PSB) que é deputado estadual também, e tem o Lucas Barreto (PTB), que me antecedeu como presidente”, afirmou Amanajás.
O presidente da Assembléia era aliado de Pedro Paulo e de Waldez Góes (PDT), ex-governador que também está preso, e rompeu com eles para disputar a eleição. Mesmo em campos opostos, ele mantém os elogios a Waldez. “Em relação ao Waldez, como governador, como ser humano, reconheço que é um grande homem, uma pessoa que sempre procurou no seu governo ser fiel às leis à constituição do estado, tanto que não tivemos problemas nessa relação institucional entre poder executivo e legislativo. Espero que tanto ele quanto os demais tenham a oportunidade de provar a sua inocência”.
Fonte: G1