Presidente reúne Conselho para discutir Orçamento e situação de ministros
A presidente Dilma Rousseff reúne hoje o Conselho Político para pedir responsabilidade fiscal aos integrantes da base de apoio ao governo no Congresso. Ela vai apresentar aos líderes partidários as linhas gerais da peça orçamentária de 2012, elaborada em um cenário de economia internacional adversa. Dilma também precisa administrar uma base aliada conflagrada. Os ministros Mário Negromonte, das Cidades, e Pedro Novais, do Turismo, não conseguem se desvencilhar da teia de denúncias de corrupção em suas pastas. E seus partidos, PP e PMDB, respectivamente, estão em clima de guerra na Câmara dos Deputados e não estão tão seguros quanto à viabilidade de manter o apoio aos correligionários.
Além disso, a presidente ainda não consegue saber o que o PR quer da vida. O partido anunciou a independência em relação à base aliada e o desembarque do governo. Na prática, contudo, nenhum de seus filiados entregou os cargos que ocupam, principalmente nas superintendências estaduais do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
Depois da declaração de alforria, o líder do partido na Câmara, Lincoln Portela (MG), foi chamado para uma conversa com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e sinalizou que poderia reabrir a consulta no partido sobre a conveniência de se manter independente ou retornar para a aliança governista. Na semana passada, assinou a CPI da Corrupção, mas alegou não ser uma orientação política para que a bancada por ele liderada seguisse o mesmo caminho.
Como se não bastassem os percalços internos, a presidente precisa lidar com uma crise econômica internacional que insiste em perdurar desde 2008. Dilma e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiram na semana que passou as dificuldades para o Brasil manter-se a salvo cercado diante de um cenário de pessimismo mundial. Com o Orçamento, que será encaminhado ao Congresso até o fim deste mês de agosto, Dilma busca “alternativas para que o Brasil consiga ter um crescimento, apesar da paralisia na economia mundial”, confirmou uma pessoa próxima a ela.
Calma, gente
A presidente sabe que precisa pedir calma aos seus aliados. Proliferam no Congresso, especialmente na Câmara, projetos que aumentarão os gastos públicos. A Emenda 29, que os deputados querem votar sem a criação de uma fonte de receitas que financie a proposta, custará R$ 11 bilhões anuais aos cofres federal, estaduais e municipais. A PEC 300, que pretende equiparar os salários de policiais militares e bombeiros de todo o país aos vencimentos pagos no Distrito Federal, também representa um prejuízo para os administradores estaduais.
Dilma ainda enfrentará outra situação delicada. Ela precisa aprovar a Desvinculação das Receitas da União (DRU), que permite ao Executivo Federal manejar 20% de suas receitas da maneira como melhor entender. O Congresso já conseguiu preservar os recursos da Educação, mas existem pressões de algumas bancadas para que outros setores também fiquem a salvo do corte.