Procurador-geral critica relatório da PF

26 de setembro de 2007 10:53

O procurador criticou o caráter opinativo do relatório. Não vou me basear no relatório, vou me basear nos autos. Quando a Polícia Federal dá opinião no relatório, ele deixa de ser relatório , afirmou. Se forem denunciados pelo procurador-geral, o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia (PTB-MG) e o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) serão transformados em réus no processo. Eles teriam recebido dinheiro do empresário Marcos Valério para engordar o caixa 2 da campanha ao governo de Minas, em 1998, da qual Azeredo saiu derrotado.

O relatório da PF afirma que, ao todo, 159 políticos estariam envolvidos no esquema, que também implicaria em desvio de recursos públicos. O documento pede ainda a quebra de dados sigilosos da empresa de Mares Guia. Antonio Fernando disse que não pedirá mais diligências para concluir o inquérito. Em breve, deverá enviar denúncia ao STF que, se for aceita pelo plenário da corte, transformará o caso em ação penal e os investigados, em réus. No entanto, o procurador-geral também poderá, em tese, pedir o arquivamento do inquérito hipótese improvável, segundo seus interlocutores.

Mensalão
Apesar de ter anunciado a providência para logo, ele evitou marcar uma data: Será breve. Mas não o breve dos jornalistas. O procurador-geral da República não escondeu sua divergência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, em entrevista ao jornal The New York Times, disse não acreditar na existência de evidências contra o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu no esquema do mensalão. No mês passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) abriu ação penal contra 40 réus Dirceu, inclusive para apurar se houve pagamento de propina a parlamentares em troca de apoio político ao governo.

Antonio Fernando ressaltou que sua denúncia, aceita pelos ministros da corte, foi escrita com base em dados concretos. Cada um acha o que quiser, a avaliação de cada um é subjetiva. Mas eu trabalho com dados. O que importa é a avaliação dos julgadores , afirmou.