Proposta do ciclo completo enfrenta resistência de Delegados da Polícia Federal
Durante o Seminário Internacional de Segurança Pública e Persecução Criminal, realizada na Câmara dos Deputados na última terça-feira (26), foi debatido sobre a proposta de ampliação do poder de investigação para todas as polícias, conhecido como “ciclo completo”.
Para os representantes da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) a medida pode gerar indefinição e redundância de funções nas polícias e fomentar disputas entre as corporações sobre quem é o responsável por cada investigação. “A ausência de supervisão jurídica imediata no Brasil pode abrir a porta para mais casos de corrupção e abuso”, comenta o Delegado Federal João Thiago Pinho.
O Presidente da ADPF, Marcos Leôncio Ribeiro, argumenta que o ciclo completo na Polícia Militar passa pela discussão da desmilitarização, pois com certeza haverá resistências na sociedade quanto à investigação de civis por militares. "O militar investigar formalmente um civil requer um debate sobre o fim do Código Penal e Processual Penal e da própria Justiça militar." argumenta o Delegado Federal Leôncio Ribeiro.
Por fim, a ADPF entende que o ciclo completo irá fomentar ainda mais as disputas entre os órgãos de segurança pública. "O ciclo completo no Brasil vai na contramão do processo de integração das forças policiais". A entidade também estranhou a resistência à proposta de unificação das forças policiais que sequer foi debatida no evento.