Prostíbulo pagou viagens de suspeitos
A planilha, apreendida no dia 24 de abril pela PF na Operação Santa Teresa, mostra os pagamentos feitos por “Celso” e “Washington” com dinheiro da casa de prostituição. Entre acertos e adiantamentos às garotas de programa que trabalhavam na casa, aparece uma série de nomes que teriam recebido passagens aéreas e estadias em hotéis de luxo. Celso Murad e Washington Napolitano estão na lista dos réus no processo por formação de quadrilha, fraudes em contratos do BNDES, tráfico de pessoas e exploração de prostituição instaurado pela Justiça Federal.
Entre os nomes na planilha estão os do secretário de Obras de Praia Grande, Luiz Fernando Lopes, o do chefe-de-gabinete do prefeito, Jamil Issa Filho, e o do próprio prefeito Mourão. Todos são acompanhados da cifra 342, que seria o preço das passagens.
Justiça bloqueia contas de empresário foragido
A planilha também discrimina dois lançamentos, um de R$667,80 e outro de R$1.732,50, referentes a hospedagens no hotel Othon do Rio de Janeiro. O lobista João Pedro de Moura e o empresário Manuel Fernandes de Bastos Filho, o Maneco, apontados como cabeças da quadrilha, também participaram da viagem.
Ontem, a Justiça Federal em São Paulo determinou o bloqueio de cinco contas bancárias pertencentes a Maneco – que tem pedido de prisão preventiva decretada mas está foragido desde o dia 24 de abril- e três pessoas ligadas a ele, entre elas sua mulher, Maria de Lourdes Germano.
Segundo escutas telefônicas feitas pela PF, integrantes da quadrilha viajavam com freqüência ao Rio de Janeiro, onde fica a sede do BNDES, com o objetivo de agendar reuniões com a cúpula do banco. De acordo com a PF, eles cobravam propinas de 2% a 4% do valor dos empréstimos liberados pelo BNDES.
Outra planilha apreendida na W.E., em novembro do ano passado com o título “Movimento de Caixa”, indica que o lobista ligado a Paulinho e o secretário de Obras de Praia Grande também tiveram passagens para Brasília pagas pela casa de prostituição. Para João Pedro, a casa pagou passagens de ida e volta de São Paulo a Brasília no valor de R$658. Luiz Fernando também aparece como beneficiário de passagem para o Rio no valor de R$618.
As planilhas reforçam a convicção da PF de que a casa de prostituição era usada pela quadrilha para lavar dinheiro originário das fraudes com empréstimos do BNDES.
A prefeitura de Praia Grande informou ontem que o prefeito não vai se manifestar até que a justiça decida se abre processo contra Mourão. Na semana passada, Mourão afirmou que todas suas passagens são pagas pelo gabinete.