PT conta com denúncia do MP contra Azeredo para neutralizar oposição

24 de setembro de 2007 10:52

Até agora, os tucanos diziam que, ao contrário do mensalão do PT, o que ocorrera em Minas Gerais fora um episódio localizado, do qual o ex-governador Eduardo Azeredo não teria conhecimento, e não envolveria dinheiro dos contribuintes.

Apesar de manifestações conciliatórias como a do prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, o PT conta com a denúncia de todos os tucanos, pelo procurador Antonio Fernando de Souza, ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Isso dará discurso aos petistas para neutralizar as críticas do PSDB em virtude da abertura de processo contra os chamados 40 do mensalão – cuja expectativa é que estejam sendo julgados próximo às eleições presidenciais de 2010.

No governo, a preocupação é com o ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais), também relacionado no inquérito.

Há no PSDB a avaliação de que Antonio Fernando de Souza não apresentará denúncia contra Eduardo Azeredo, assim como não apresentou contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do mensalão do PT. Mas a Polícia Federal afirma textualmente que “a estrutura político-eleitoral criada por Eduardo Brandão Azeredo (…) precisava implementar um esquema que visasse a legitimar todo o capital reunido para custeara referida campanha”.

O nome mais ilustre no mensalão mineiro é o do atual governador Aécio Neves (PSDB), mas seu nome aparece apenas numa suposta lista de candidatos a receber recursos da campanha de Azeredo.

A Polícia Federal é taxativa em relação à utilização de recursos públicos: “Pelas provas reunidas, pode-se identificar ao menos dois métodos utilizados para desviar recursos públicos para utilização na campanha de reeleição para o governo de Minas Gerais no ano de 1998”, diz o relatório.

Primeiro, “a patrocínios fictícios de eventos esportivos realizados pelas empresas Copasa – Companhia de Saneamento de Minas Gerais, Comig – Companhia Mineradora de Minas Gerais (atual Copasa) e Grupo Bemge – Banco do Estado de Minas Gerais”, e – o segundo – “simulação de gastos publicitários da Cemig – Companhia Energética de Minas Gerais”.

O percurso de pelo menos R$ 5 milhões foi identificado pela PF. A campanha de Azeredo teria arrecado cerca de R$ 100 milhões, contra apenas R$ 8,5 milhões declarados