Rádio Nacional entrevista representante da ADPF sobre concurso da Polícia Federal
Em entrevista para a Rádio Nacional, no programa Enfoque Jurídico, o diretor de Comunicação da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Cláudio Tusco, comentou sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que manteve a reserva de vagas para portadores de necessidades especiais no concurso da Polícia Federal.
De início, o delegado Tusco explicou de forma detalhada a decisão da ministra Cármen Lúcia. "Essa decisão é ainda monocrática, ou seja, a ministra decidiu com base na jurisprudência do STF. Contudo, existe um recurso para que esse assunto seja debatido com os demais ministros da turma e não por um único juiz", disse.
A posição da ADPF quanto à suspensão do certame também foi apontada no discurso do diretor de Comunicação da entidade. "Nós da ADPF entendemos que isso vem prejudicando muito. Queremos que a Polícia Federal entre logo num acordo com o Ministério Público e com o Ministério do Planejamento para que esse concurso tenha seguimento, mesmo tendo que reservar vagas para portadores de necessidades especiais".
Sobre como a ADPF, representando os delegados da Polícia Federal, recepcionou a decisão da reserva de vagas, o delegado Tusco também comentou. "Nós que lidamos no dia-a-dia com o trabalho policial sabemos que o crime, principalmente o crime organizado, não respeita a acessibilidade. Então o trabalho policial, principalmente no início da carreira que começa normalmente nas regiões de fronteira, regiões inóspitas, têm uma dificuldade de acesso muito grande. Assim, uma pessoa que é portadora de necessidade especial estaria impossibilitada de exercer a profissão".
O delegado Tusco ainda deixa claro que concorda que a Constituição tem que ser respeitada e as vagas têm que ser reservadas dentro do órgão, mas estas poderiam ser reservadas compensando as áreas administrativas, pois na Polícia Federal há uma carreira e servidores administrativos também.
"A decisão de qualquer órgão do Poder Judiciário deve ser respeitada, mas ela não é definitiva. Então ainda tem recurso e avaliação de como a decisão vai se dar dentro da Polícia Federal, pois esta será uma experiência nova", disse Tusco.
Ele ainda lembrou que há quase nove anos não é feito um concurso para delegado de polícia e que isso está desgastando os policiais lotados nas fronteiras há tanto tempo. "É melhor trazermos os policiais novos da reserva de vagas e eles ficarem na área administrativa, apesar de procederem como policiais e terem todos os atributos do cargo, do que ficar sem o concurso", disse Tusco.
A respeito do certame para policial federal, o delegado ressaltou que a capacidade plena é essencial, pois, além da dificuldade do concurso, há provas médicas, físicas e psicológicas que exigem uma boa aprovação para selecionar pessoas que consigam exercer a profissão.
Finalizando a entrevista, Tusco esclareceu que seria necessário um debate franco com médicos, associações de portadores de necessidades especiais, entre outros, para que se chegasse a uma solução e pudesse, enfim, ser retomado o concurso para cargos da Polícia Federal.
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