Refugiados palestinos chegam ao Brasil

24 de setembro de 2007 13:00

A decisão do governo foi tomada em maio pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), presidido pelo Ministério da Justiça. O Conare é formado por outros órgãos federais e entidades não-governamentais, além do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).
A primeira sensação que eles tiveram foi de paz, de um país onde não há guerra, onde eles podem usar seus véus, vestimenta própria de seu povo, e podem, sobretudo, professar sua fé, comentou o presidente do Conare, Luiz Paulo Barreto. É característica do povo brasileiro, receber bem o estrangeiro. Somos hospitaleiros e não haverá discriminação por serem palestinos, de outra etnia ou por terem outra religião.
O grupo que chegou ao Brasil é formado por pessoas de origem urbana, que viviam em Bagdá e proximidades. Cerca de 75% são adultos, na maioria homens. Dez integrantes serão reassentados em cidades do Rio Grande do Sul e o restante no interior de São Paulo, onde o Acnur trabalha em parceria com as ONGs Cáritas Brasileira e Associação Antônio Vieira (Asav).
Entre os fatores de escolha dos destinos estão, as condições favoráveis de adaptação do grupo, das ofertas de trabalho e do porte da estrutura da ONG que vai prestar assistência. Todos os refugiados responderam questionários e passaram por entrevista sobre suas condições de vida, aspectos culturais e profissionais.
Os refugiados receberão ajuda financeira para custeio de aluguel de moradia, compra de móveis e assistência material por um período entre 18 e 24 meses. Além disso, terão aulas de português. Vamos investir muito, neste primeiro momento, no aprendizado da língua para dar mais condições de uma efetiva integração ao Brasil, afirmou Luiz Paulo.
Ultrapassada esta fase de comunicação, os refugiados vão aprender um ofício em diversos programas monitorados pelas Nações Unidas e por organizações não-governamentais. O governo federal espera, também, que as crianças estejam preparadas para freqüentar escolas brasileiras a partir do próximo ano letivo. Não teremos uma política assistencialista ou paternalista. Queremos, o mais rapidamente possível, que essas pessoas trabalhem, estudem e, com seu próprio suor, consigam dignamente progredir, esclareceu o presidente do Conare.
Vida antes do Brasil  Os palestinos saíram nesta quinta-feira (20) do campo de refugiados de Ruweished, na Jordânia, onde se encontravam desde 2003. Antes, viviam no Iraque, mas tiveram que abandonar o país com a queda do regime de Saddam Hussein.
Assim, como outros palestinos, tornaram-se vítimas de prisões arbitrárias, desaparecimentos e torturas por parte de milícias armadas. Muitos conseguiram fugir para a Jordânia e Síria, onde foram abrigados em campos na fronteira com o Iraque.
As condições do campo de Ruweished, que fica no deserto jordaniano, são precárias. A região é infestada por escorpiões, as tempestades de areia são constantes e as variações climáticas também, durante o todo o ano. Além disso, os refugiados não são reconhecidos pelas autoridades jordanianas. O tem sua entrada controlada pelo governo local e as saídas só são autorizadas em casos de emergência. Com a decisão do governo brasileiro de aceitar receber o grupo de palestinos, o campo de Ruweished será fechado.
Nas últimas semanas, os refugiados passaram por exames médicos de rotina e tiveram sua documentação regularizada. Além disso, o grupo foi informado pelo Acnur sobre as condições de vida e costumes sociais no Brasil, como também sobre o apoio que receberão das ONGs para a sua integração (direitos e deveres no país).

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