Região Norte é a última fronteira elétrica do País

11 de dezembro de 2007 12:42

O governo federal quer leiloar até 2010 cerca de 25,7 mil megawatts em aproveitamentos hidrelétricos disponíveis na Região Norte – a nova fronteira elétrica do País. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o resultado do leilão da Hidrelétrica Santo Antonio demonstrou a viabilidade ambiental, econômica e, principalmente, tarifária dos projetos nos rios amazônicos.
O presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, afirmou que o governo já definiu as prioridades para novos leilões de usinas na região. A próxima disputa será a da Usina de Jirau, que também faz parte do Complexo do Rio Madeira. A previsão é que a concessão de Jirau, que já tem licença ambiental prévia, ocorra em maio de 2008, afirmou ontem o ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner.
As demais usinas, ainda sem licença ambiental, são: Belo Monte, no Rio Xingu, Marabá, no Rio Tocantins, e São Luiz, no Rio Tapajós. A prioridade seguirá essa ordem, disse Tolmasquim. Todas essas usinas estão previstas no Plano Decenal de Energia 2007-2016.
No caso de Belo Monte, empreendimento projetado para alcançar uma capacidade total de 11 mil MW (embora o governo considere a possibilidade de dar a concessão da primeira parte de 5.500 MW), o termo de referência – primeira etapa do licenciamento ambiental – foi dado pelo Ibama. Os empreendedores vão preparar agora o estudo de impacto ambiental. As audiências públicas para discutir o projeto com a população começou em setembro.
A Usina Marabá, de 2.160 MW, está na fase de estudo de viabilidade, mas já provoca protestos de ambientalistas. A meta do governo, disse Tolmasquim, é fazer a concessão dessa usina em 2010. Por fim, o governo aposta na concessão da Usina Hidrelétrica São Luiz, que será instalada no Rio Tapajós, que corta a face oeste do Estado do Pará.
A potência instalada estimada pela EPE é de 9 mil MW para esse empreendimento. O leilão de ontem mostrou que os projetos hidrelétricos na Amazônia são viáveis e, principalmente, baratos. Isso abre uma excelente perspectiva para os projetos naquela região, diz o presidente da EPE.
Calcula-se que o Brasil tenha cerca de 150 mil MW de energia a ser explorada nos próximos anos, segundo dados da UFRJ. Desse total, 70% está localizado na região amazônica. Essa é a nova fronteira elétrica do País, destaca o professor da UFRJ, Nivalde Castro. Segundo ele, a construção das hidrelétricas do Rio Madeira deve destravar as demais obras da região, já que houve uma amadurecimento do País em relação às questões ambientais.
O presidente do conselho de administração da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), Lindolfo Paixão, também acredita que a experiência adquirida no Rio Madeira facilite o andamento dos demais projetos. Mas cada empreendimento é um empreendimento, especialmente quando se trata da Região Norte, onde a questão ambiental é delicada.
Paixão destaca que o País não tem outra alternativa, a não ser explorar os projetos na região amazônica. Não há mais aproveitamento nas outras regiões. O Nordeste e Sudeste já não têm potencial para hidrelétricas há alguma tempo. O Sul tem alguma coisa, mas para suprir um ano de demanda adicional, diz ele. Outro ponto importante é que, exceto no caso de Belo Monte, quase todas as hidrelétricas em estudo têm capacidade inferior a 3 mil MW.