Relatora pede saída de Renan

14 de agosto de 2007 10:33

O PSDB voltou ontem à carga contra o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL). A senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), que integra a comissão de três relatores do processo por quebra de decoro parlamentar contra Renan no Conselho de Ética, pediu o afastamento dele da Presidência da Casa. À medida que permanece no cargo, Renan Calheiros coíbe os seus pares de continuar votando. Nos últimos dias, o vimos ameaçando os senadores. Se ele saísse, haveria mais tranqüilidade para que a Casa continuasse seus trabalhos , afirmou Marisa Serrano, em Belo Horizonte, durante seminário nacional do PSDB.

A permanência de Renan é ruim para o Congresso, é ruim para a política nacional e é ruim para o governo federal também, porque está prejudicada a votação dos próprios projetos do presidente Lula para o país , assinalou Marisa Serrano. Segundo ela, Renan ainda não deixou o cargo porque teme ser abandonado por seus aliados políticos, inclusive o governo federal. Ele tem falado isso para todos, então acho que posso contar isso aqui. Renan acredita que na hora que sair da Presidência do Senado será abandonado, porque não terá mais o poder que tem hoje , assinala, lembrando que as votações estão paralisadas no Senado.

Investigação
Marisa Serrano evitou se pronunciar sobre a investigação ou sobre a provável responsabilidade de Renan Calheiros no episódio que está nas mãos do Conselho de Ética. Não tenho opinião formada ainda. Espero receber o relatório da PF para depois ouvir o senador , acrescentou, referindo-se à perícia feita pela polícia nos documentos da defesa, cujo resultado deve ser entregue até o final da semana. O processo relatado por Marisa Serrano foi movido pelo PSol e se baseia na acusação de que Renan teria usado dinheiro da empreiteira Mendes Júnior para pagar pensão a uma jornalista, com quem tem uma filha fora do casamento.

Ato público
O PSol realiza hoje, às 14h30, mais um ato que pedirá a saída do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em frente à rampa do Congresso.

Durante a manifestação, serão exibidas milhares de assinaturas de um manifesto nacional, recolhidas em todo o país, cobrando investigação séria e punição para os acusados de corrupção. Depois do protesto, denominado Fora Renan, basta de corrupção , o abaixo-assinado será entregue, simbolicamente, ao presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), no Salão Verde. A ex-senadora Heloisa Helena (AL), presidente do partido, participará do ato. Em outro ato semelhante promovido no fim de junho, o PSol levou um boi dourado com a marca RR , uma referência a Renan, que justificou seu patrimônio mencionando ganhos com gado.

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Segunda denúncia

O presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), encontra-se hoje à tarde com os três relatores do caso do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para definir quem relatará a segunda denúncia contra o peemedebista, de que ele fez lobby para favorecer a cervejaria Schincariol. Uma terceira acusação será encaminhada pela Mesa Diretora na quinta-feira e o desejo de Quintanilha é que os senadores Marisa Serrano (PSDB-MS), Renato Casagrande (PSB-ES) e Almeida Lima (PMDB-SE) analisem todas as denúncias contra Renan. Por enquanto, só Lima aceita a tarefa.

Se eles não aceitarem, tenho de buscar outros nomes , apela Quintanilha, que tem dificuldades em encontrar conselheiros dispostos a relatar processos contra o presidente da Casa. Casagrande chegou a pedir a opinião ontem para a assessoria dele e a senadora Marisa Serrano telefonou ao líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), para consultá-lo. Além do excesso de trabalho, os senadores temem desgastes. Preocupam-se com a reação da opinião pública diante de eventual arquivamento da segunda acusação que pesa contra Renan, referente à Schincariol. Além disso, eles não querem ser vistos pelos colegas como algozes de Renan. (HB)