Relatores contra voto secreto

28 de agosto de 2007 09:29

Os aliados de Renan iniciaram na semana passada manobras para tentar impor o voto fechado. A avaliação é de que isso reduziria a exposição dos senadores diante da opinião pública e facilitaria a absolvição.

O presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), aliado de Renan, é um dos defensores da idéia. Se no plenário do senado, que é soberano, o voto é fechado, não há razão para ser diferente no conselho , argumentou.

Os relatores do caso Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS) afirmaram ontem que não concordam com o argumento de Quintanilha. Os relatores são senadores. Se nós temos de revelar o nosso voto por que os outros integrantes do conselho não têm? , questionou Marisa. O voto tem de ser aberto no conselho. Estou buscando base jurídica para batalhar para que a apreciação não seja fechada , avisou ontem Casagrande.

A previsão é que o Conselho de Ética julgue na quinta-feira a primeira representação, em que Renan é acusado de ter suas despesas pessoais pagas pelo lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, incluindo a pensão para a jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha. O presidente do Senado apresentou documentos de venda de gado para mostrar que não precisaria de ajuda da empreiteira. Mas a Polícia Federal apontou inconsistências nos papéis.

Marisa e Casagrande não se sentiram convencidos pelas explicações apresentadas por Renan no depoimento dado quinta-feira e devem apresentar relatório propondo sua cassação. Mas até ontem não sabiam se fariam um único relatório ou peças separadas, já que têm divergências de opinião.

Enquanto Marisa vê quebra de decoro e questão política, Casagrande avalia que Renan cometeu crime fiscal. Só na terça-feira é que saberemos se faremos um único relatório ou se cada um terá o seu , disse o senador. Pretendo ter uma conversa com o Casagrande para que na terça a gente feche em um único relatório ou cada um com o seu , completou Marisa. O terceiro relator, Almeida Lima (PMDB-SE), aliado de Renan, disse ter ficado satisfeito com o depoimento. Ele já avisou que vai defender a absolvição do presidente do Senado.

A oposição também defende o voto aberto. O líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), avisou que vai propor amanhã que os representantes de seu partido no colegiado – Demóstenes Torres (GO), Aldemir Santana (DF), Heráclito Fortes (PI) e Romeu Tuma (SP) – declarem o voto. Os quatro devem se posicionar a favor da cassação de Renan.