Artigo: Uma necessidade para o país
Quando se trata de discutir sobre algo tão complexo quanto a autonomia da Polícia Federal, primeiro há de se responder: qual o país que queremos?
Creio que a resposta seja um país livre da violência, da criminalidade, onde a saúde e educação estivessem disponíveis a todos, que teriam iguais oportunidades de trabalho, sucesso e realização.
Talvez em um mundo moral ideal, com pessoas guiadas pelo dever cívico, a autonomia da Polícia Federal fosse totalmente desnecessária, quiçá à própria Polícia, já que os comportamentos seriam pautados por parâmetros éticos.
Contudo, vivemos em uma “República” onde o interesse público é renegado em favor dos interesses privados daqueles que foram escolhidos pelo povo, na lógica de que aquilo que era de todos passou a ser de poucos.
Esses desmandos possuem várias esferas de controle e uma delas é a Polícia Federal, que está a todo momento contrariando os interesses não republicanos de grupos políticos e econômicos com forte penetração nos poderes constituídos e sem autonomia essas pessoas podem interferir direta ou indiretamente na regularidade de suas investigações.
Para coibir e investigar os desmandos que impedem que o Brasil possa caminhar para o seu pleno desenvolvimento, a Polícia Federal necessita de uma estrutura de proteção como a autonomia, para que ela e seus membros não sejam perseguidos ou retaliados quando suas investigações chegarem às estruturas do poder.
Infelizmente, exemplos desse tipo não são poucos, tanto em governos passados, em que “ventos vindos do sul” eram alardeados, como agora, quando se pretendeu trocar o diretor geral da Polícia Federal e um superintendente regional por motivos ainda não totalmente esclarecidos.
Apesar disso, a Polícia Federal tem demonstrado que é órgão de Estado e não de governo, servindo ao povo e não a pessoas. Assim, o reconhecimento formal de sua autonomia permitirá que a instituição preste serviços ainda mais relevantes à nação, devolvendo ao povo brasileiro o que lhe tem sido roubado durante todos esses anos.
Lorenzo Fontes Esposito e Guilherme Helmer
São, respectivamente, diretor regional e assessor da Associação de Delegados de Polícia Federal (ADPF)
Artigo publicado pelo jornal A Gazeta