Resenha Gazeta Mercantil – 11/12
– Madeira tem deságio inesperado de 35%
O leilão de ontem da usina de Santo Antônio, no rio Madeira, vencido pelo consórcio liderado pelo grupo Odebrecht e Furnas, surpreendeu a todos – concorrentes, governo e analistas do setor -, ao derrubar em 35%, para R$ 78,90 por megawatt/hora (MWh), o preço-teto de R$ 122 por MWh fixado para as ofertas. Assim como no pregão das rodovias federais, em outubro, vencido pela espanhola OHL e que apurou deságio de 65%, o de Santo Antônio foi vencido por quem ofereceu o menor preço e é tratado por analistas como um divisor de águas para o mercado. “Espero que esse leilão possa frear a escalada de preços de energia que vimos nos últimos dois anos, para voltarmos a negociar valores aceitáveis. Pode ser uma quebra de paradigma para os investidores”, disse Marcelo Parodi, da comercializadora Comerc, lembrando que nos dois últimos leilões de hidrelétricas os valores do MWh ficaram em R$ 120,86 e R$ 129,10.
Segundo o diretor de investimentos da Odebrecht, Irineu Meirelles, o baixo preço oferecido deve-se “ao grande conhecimento” que o consórcio tem do projeto. As duas empresas fizeram os estudos de inventário e viabilidade em 2001 e, por isso, teoricamente tinham vantagem em relação aos dois consórcios concorrentes – Energia Sustentável do Brasil, integrado pela Suez e Eletrosul, e o Consórcio de Santo Antônio, formado pela Camargo Corrêa,Chesf, CPFL e Endesa. O consórcio vencedor é formado pela Odebrecht Investimentos em Infraestrutura, Construtora Norberto Odebrecht, Andrade Gutierrez, Furnas, Cemig (10%) e Fundo de Investimentos e Participações, dos bancos Banif e Santander. A taxa de retorno do investimento não foi informada por Furnas-Odebrecht. Como o BNDES fixou um teto de 8% de lucro para fazer empréstimos de até 75% do valor total da obra, de R$ 9,5 bilhões, isso leva a estimar que a taxa esteja próxima a esse percentual.
– Como não conseguiu reunir o número de votos necessários para aprovar a prorrogação da CPMF, o governo novamente adiou a votação no Senado. A oposição tenta atrapalhar as negociações do Palácio do Planalto, que, por sua vez, faz de tudo para trazer para seu lado alguns infiéis do DEM e do PSDB.
Enquanto isso, os senadores que não querem a prorrogação do tributo tentam convencer seus pares com novos dados. Um deles, um estudo realizado pelo Núcleo de Tributação e Finanças Públicas da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV), aponta que desde 2001, dos recursos arrecadados a título de CPMF, aproximadamente R$ 3,2 bilhões foram gastos sem que houvesse previsão em lei. Em 2005, por exemplo, o Ministério da Ciência e Tecnologia recebeu R$ 4,19 milhões, outros R$ 24,25 milhões foram para o Ministério da Defesa, R$ 189,53 milhões foram para o Ministério da Educação e R$ 1,12 milhão para o planejamento.
– Oferta de Ações – CVM exige mudanças nas regras para lançamento de papéis da MPX.
– Produção – Fábricas mineiras puxam desempenho.
– Os grupos San Martinho, Cosan e Usina Santa Cruz fecharam a usina Santa Luiza, no interior de São Paulo, oito meses após a compra por R$ 175 milhões. O motivo são os preços baixos do açúcar e do álcool.
– A desvalorização do dólar e o aumento do preço das commodities no mercado internacional têm impulsionado a expansão das operações das empresas brasileiras no exterior.
– O lucro líquido das seguradoras de janeiro a outubro de 2007 somou R$ 5,2 bilhões, 11% mais que o mesmo período de 2006. O faturamento com a venda de seguros, planos de previdência e títulos de capitalização chegou a R$ 59,7 bilhões, alta de 16%.
– Briga à vista – A insistência do Chile e da Africa do Sul em manterem o embargo à carne bovina brasileira deverá levar os pecuaristas a pedir ao governo que leve a questão para a OMC, afirma o presidente da Associação das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Marcus Vinícius Pratini de Moraes.
– Prometendo lutar contra a pobreza e visivelmente emocionada, Cristina Fernández de Kirchner tomou posse ontem no cargo de presidente da Argentina, sucedendo ao marido Néstor Kirchner.
Ela assume o cargo para um mandato de quatro anos com muitos desafios à sua frente, entre eles a crescente inflação e a necessidade de reajuste nos preços, congelados devido a uma série de acordos fechados com órgãos setoriais.
Com a presença de líderes do continente, entre eles o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente prometeu seguir a luta contra a pobreza iniciada por seu marido quando ele assumiu o poder, em 2003. Também advertiu que “não é possível mudar, como um pêndulo, de modelo econômico a cada quatro anos, porque assim não se pode viver. “Gostaria de viver em um país onde as maiores receitas fossem produzidas pela indústria”, completou.
– Augusto Nunes – No Brasil não existem bandidos de nascença, já explicou o presidente. A multidão dos fora-da-lei é formada por filhos dos grotões miseráveis, que cruzaram a infância sem pai nem mãe, sem escolas, só com fome. Se tivessem estudado, o País não precisaria de cadeias, muito menos de presídios de segurança máxima. Não haveria feras a engaiolar, acredita Lula. Não haveria, por exemplo, nenhum Fernandinho Beira-Mar.
Luiz Fernando da Costa, nascido em Duque de Caxias, só ganharia o apelido hoje famoso quando partiu para a conquista, a tiros, da Favela Beira-Mar. Nem sabe o nome do pai. A mãe, uma faxineira analfabeta, morreu quando o filho era ainda menino. Privado de carinhos, cuidados e estudos, mal chegara à adolescência no dia em que foi recrutado por uma quadrilha de traficantes de drogas.