Resenha O Estado de S. Paulo – 14/12
– Sem CPMF, governo promete conter gastos nos três poderes
Na manhã seguinte à derrubada da CPMF no Senado, o governo tratou o assunto como transtorno político, não como problema econômico. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, garantiu que as metas fiscais serão mantidas, apesar do rombo de R$ 40 bilhões no Orçamento. “Vamos manter a política de responsabilidade”, afirmou. Para 2008, a meta do superávit primário é de 3,8% do PIB. A avaliação no governo é de que não há espaço para aumento de impostos. Por isso, a solução será cortar despesas nos três poderes, procurando preservar os programas sociais e o PAC. A área mais atingida deverá ser a de saúde. Mantega levantou a possibilidade de o governo retirar a proposta de Orçamento em discussão no Congresso e apresentar novo projeto até o fim deste mês – proposta recebida com críticas pelos parlamentares. Em visita oficial à Venezuela de Hugo Chávez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não fez comentários sobre a derrubada da CPMF.
– Devagar com a louça – O presidente Lula tem duas opções. A pior é ceder ao temperamento, cujo traço de autoritarismo não lhe tem sido bom conselheiro.
– Notas e Informações – O resultado da votação lembrou aos distraídos que, para o bem ou para o mal, a autonomia da política em relação às realidades que a circundam não é só uma invenção dos politólogos.
– O ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, atribuiu a derrota à própria base governista. Para ele, será preciso fazer uma “reavaliação” do grupo que negou votos ao governo no Congresso. A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), culpou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “Foi o mentor”. Ele pediu negociação.
– Numa quinta-feira de nervosismo nos mercados internacionais por causa da inflação nos EUA, a Bolsa de São Paulo foi atingida ainda pela reação dos investidores à derrubada da CPMF. O temor de que, sem os recursos arrecadados com a contribuição, o governo decida reduzir o superávit fiscal fez a Bovespa fechar em queda de 2,9%.