Resenha Valor Econômico – 12/12

12 de dezembro de 2007 09:45

– UE prepara restrições a etanol e carne do Brasil
Duas restrições da União Européia deverão atingir o Brasil. A primeira, ainda nesta semana, irá impor limites às exportações de carne bovina brasileira para os 27 países do bloco. A segunda será contra o etanol e o biodiesel. A UE adotará em janeiro o critério de sustentabilidade ambiental na importação de biocombustíveis, pelo qual será impedida a entrada de produtos obtidos a partir de lavouras em regiões de floresta.
No caso da carne, as restrições serão adotadas com base em conclusões da missão técnica que esteve no país em novembro. Os inspetores constataram que o controle sanitário brasileiro está longe do ideal e que o Brasil não cumpriu toda a lista de ações que prometera executar, colocando em risco um negócio superior a US$ 1 bilhão por ano. As restrições, porém, não impedirão a entrada de todo o produto brasileiro, como querem irlandeses e ingleses.
O Valor apurou que o Ministério da Agricultura já está preparado para enfrentar as limitações, que devem incluir o fim da habilitação sanitária automática de frigoríficos e a suspensão temporária do abate de bois oriundos de confinamento. A imposição de uma “cota branca” para os embarques deve passar pela obrigatoriedade de habilitação dos frigoríficos exportadores por auditores europeus. O modelo, visto como um retrocesso na relação comercial bilateral, é adotado por outros parceiros do Brasil, como Rússia e México.
No caso do etanol e do biodiesel, Bruxelas vai proibir a importação do produto obtido de matérias-primas produzidas áreas úmidas ou de florestas, exigirá provas de eficiência energética na produção, defesa da biodiversidade e certificação, além de outras medidas. A definição de floresta a ser adotada – área com mais de 20% de cobertura por árvores de 5 metros de altura – é suficientemente ampla para barrar o biocombustível não só da Amazônia, mas também do cerrado denso, como norte do Mato Grosso e mesmo o Triângulo Mineiro.
A cana-de-açúcar tem produtividade baixa na Amazônia e seu cultivo na região não interessa economicamente ao Brasil. Mas o dendê, que se adapta à área de florestas para a produção de biodiesel, está praticamente vetado pelo conceito europeu.

– As eleições municipais de 2008 serão as primeiras em que os trabalhadores migrantes do setor sucroalcooleiro paulista começarão a transferir em maior número seus títulos de eleitor. As cidades em que trabalham – e onde ainda não votam – são as que mais geraram empregos em todo o país nos últimos anos.
Nesses municípios, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva viu seus votos diminuírem entre 2002 e 2006, em contraposição às cidades de origem desses migrantes, onde duplicou sua votação. O voto desses trabalhadores, que superlotam os serviços públicos municipais, já é disputado pela política local.

– Rosângela Bittar: salvo algum desastre, Berzoini será reeleito no PT.

– David Kupfer: país vive um longo período de rigidez estrutural.

– A Funai deverá conceder no início de 2008 sua autorização para que sigam adiante os estudos de viabilidade da construção da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará – a próxima grande obra do setor elétrico, depois das usinas do Madeira. O Ibama já deu sua aprovação. Segundo o Ministério das Minas e Energia, a intenção do governo é licitar a obra em 2009. A Funai inicia na próxima semana, junto com técnicos da Eletrobrás e da Eletronorte, um trabalho de campo na área de abrangência da hidrelétrica para esclarecer dúvidas dos povos indígenas da região. Além das duas estatais do setor elétrico, o consórcio que estuda a obra é formado por Andrade Gutierrez, Odebrecht e Camargo Corrêa.

– TRF de Brasília suspende obras de transposição do rio São Francisco.

– O Federal Reserve, o banco central dos EUA, baixou os juros pela terceira vez nas últimas três reuniões para proteger a economia de um crescente aperto de crédito e deixou aberta a possibilidade de novos cortes. O Fed reduziu em 0,25 ponto percentual tanto sua meta para os juros de curto prazo – a taxa básica da economia americana -, quanto a taxa de redesconto, cobrada em seus empréstimos diretos para bancos comerciais. Elas passam a ser de 4,25% e 4,75%, respectivamente.
Diferentemente de outubro, quando o Fed afirmou que os riscos de crescimento menor e inflação em alta estavam praticamente equilibrados, o que implicava não haver predisposição para novo corte dos juros, o banco central decidiu ontem não avaliar o equilíbrio dos riscos. As bolsas caíram imediatamente após a divulgação do corte e o Dow Jones fechou em queda de 2,14%. No Brasil, o Ibovespa recuou 1,43%.
O corte dos juros ocorre no momento em que a economia americana parece ter atolado no quarto trimestre. A desaceleração não é o principal temor do Fed, mas ela pode ser intensificada pelo aperto crescente do crédito.

– O BNDES selecionou dois fundos de private equity brasileiros para administrar R$ 200 milhões destinados ao financiamento de projetos de crédito de carbono. Os recursos serão ampliados com captações no mercado.