Resultado do leilão faz governo rever para baixo preço futuro da energia

11 de dezembro de 2007 12:28

Essa foi a projeção feita ontem pelo presidente da estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, após o resultado do leilão da usina de Santo Antônio, no Rio Madeira. Segundo ele, a diferença entre o preço fixado como teto e a tarifa final no leilão de ontem se deve ao fato de o país ter ficado 13 anos sem construir novas grandes usinas – Xingó (SE) ficou pronta em 1994. O parâmetro de tarifas dos últimos anos foi estabelecido com base em usinas médias, cuja energia custava muito mais.
O presidente da EPE destacou que o valor de R$78,87 por megawatt/hora ofertado pelo consórcio Madeira Energia já inclui o valor da transmissão da eletricidade, quase R$25, o que, na prática, reduz o valor ofertado para R$53,78.
– O futuro é muito mais promissor do que eu esperava. O novo modelo do setor elétrico começa hoje – disse Tolmasquim.
Para o professor Nivalde Castro, da UFRJ, a redução de preço é uma boa surpresa e muda o paradigma:
– Se esse preço não fosse factível, eles não o colocariam, o que mostra que o valor da energia da Amazônia pode ser bem inferior ao que todos imaginavam (o temor era devido à distância e a custos ambientais).

Hubner: TCU estava certo ao querer R$113 no edital
O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, admitiu que o resultado o surpreendeu e jogou por terra sua previsão de que a energia no Norte seria necessariamente mais cara do que a produzida no Centro-Sul. Para o ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, o leilão foi um “marco histórico” e mostra que a licitação baseada no menor preço rende frutos à sociedade.
O preço teto da hidrelétrica de Jirau, a outra usina do Rio Madeira, que será leiloada pelo governo em maio do próximo ano, também será menor do que o anteriormente previsto. Ela terá capacidade de 3.300 megawatts (MW). Hubner disse que os cálculos terão que ser revistos. Ele admitiu ainda que o Tribunal de Contas da União (TCU) estava correto na análise técnica, ao propor um valor mais baixo do que R$122 por MW. O TCU queria cerca de R$113 como teto.
– Por isso, a decisão final é política mesmo, chega uma hora em que você tem que ter um aspecto discriminatório. Eu não poderia correr o risco de o preço inicial do leilão assustar demais os investidores, e isso poderia até impedir que outros chegassem no fim do processo, como a CPFL e a Endesa – argumentou o ministro.