Secretaria de Segurança para Grandes Eventos encerra atividades com méritos

18 de janeiro de 2018 11:59

Após seis anos de trabalho e inovação, a Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (Sesge) foi extinta pelo Governo Federal em 31 de julho deste ano. Criada para planejar as ações de Segurança Pública e Defesa Civil para a Copa do Mundo, Olimpíadas e Paralimpíadas – além de outros eventos internacionais, como a Jornada Mundial da Juventude e a Copa das Confederações – a secretaria deixa um importante legado no país e no mundo. 

A secretaria, integrada ao Ministério da Justiça, foi atribuída à Polícia Federal e chefiada por Delegados Federais desde sua criação, em 2011. Secretário da pasta desde 2013 até sua extinção, Dr. Andrei Passos Rodrigues explica que a Sesge encerra sua atuação com seus méritos reconhecidos e com um importante exemplo.

“A gente observa, hoje, no cotidiano da Segurança Pública, o conceito de integração interagências, cooperação entre polícias e ferramentas que foram pensadas no contexto da secretaria. E isso nos deixa satisfeitos de perceber que, além de cumprir com nossa missão de assegurar a realização dos grandes eventos, ainda deixamos um legado para o país”, celebra o Delegado Federal.

O modelo de organização estratégica e cooperação entre agências criado pela secretaria é considerado um grande êxito e já vem sendo replicado em eventos em outros países. Ainda neste ano, Dr. Rodrigues apresentou o modelo na Interpol, na França, onde, inclusive, já foi aplicado no campeonato nacional de futebol.

Início do trabalho
O primeiro a receber a responsabilidade de chefiar a secretaria foi o Delegado Federal Dr. José Ricardo Botelho, que teve a difícil missão de convencer a alta administração a instituir uma unidade que fizesse toda a coordenação e planejamento de segurança de grandes eventos.

Com a saída do Dr. Botelho, a pasta foi assumida pelo Delegado Federal Dr. Valdinho Jacinto Caetano, que conseguiu dar respostas importantes e alavancar todo o processo que resultou depois da operação hoje reconhecida.

O Presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, Dr. Carlos Eduardo Sobral, também participou da Sesge, como Coordenador-Geral substituto para Projetos em Tecnologia da Informação.

Integração
Dr. Andrei Passos Rodrigues esteve à frente da Sesge durante a Copa do Mundo de Futebol (2014) e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos (2016) e esclarece que a palavra-chave para o trabalho realizado foi a integração entre as mais diversas instituições de segurança do Brasil e de outros países.

“A Comissão Integrada de Segurança Pública, que eu tive a honra e a responsabilidade de estar à frente, era composta pelas mais elevadas autoridades de Segurança Pública, além do apoio da Defesa e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Todos os representantes estavam ali legitimando o processo e construindo as ações em conjunto para que a gente tivesse então o comprometimento das instituições durante o processo”, explica o ex-secretário.

De acordo com o Delegado Federal, esse processo de integração envolveu a criação de planos estratégicos construídos por aquelas pessoas e instituições que iriam atuar, com respeito às competências legais, mas, também, com a valorização dessas competências.
Um exemplo é o do protocolo de segurança de dignitários. A PF comandou a construção desse protocolo, que envolvia a Polícia Militar, a Polícia Civil, o Corpo de Bombeiros, o Samu e as Secretarias de Transportes e de Defesa.

Inovações e inteligência aplicadas nos eventos
A Sesge inovou com a criação do Centro de Cooperação Policial Internacional (CCPI) e o Centro Integrado Antiterrorismo (Ciant), gerenciados pela PF e elogiados até hoje. Essa última unidade trouxe policiais com expertise do mundo inteiro para compor um centro de cooperação permanente durante os jogos.

Além do papel de liderança em relação à cooperação internacional, a PF também teve destaque na criação e gestão de ferramentas, como o Colossus, um software de acompanhamento de fontes abertas disponível a todos os estados e para a própria PF utilizar no dia a dia.

Outra ferramenta foi o Background Check – integração de bancos de dados. Essa ferramenta integrou todos os bancos de dados, inclusive da PF, via Interpol, conectando os bancos de dados internacionais e permitindo a capacidade de processar, em tempo real, 75 mil checks por dia durante os Jogos Olímpicos.

“Hoje, para um policial fazer uma pesquisa completa, são necessárias diversas senhas e acesso a inúmeros bancos de dados, muitas vezes desconexos. Sem essa ferramenta seria impraticável fazer o controle que fizemos”, informa o Dr. Andrei Passos Rodrigues.
Com a extinção da secretaria, duas importantes heranças foram deixadas para a Segurança Pública. Primeiramente, na questão patrimonial, visto que todos os bens foram realocados e destinados aos policiais e às agências. O Centro Integrado de Comando e Controle Nacional, por exemplo, hoje, integra o patrimônio da Senasp e é utilizado para gerenciamento de segurança, como aconteceu durante o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). 

Outra importante herança é o legado de conhecimento. Para Dr. Rodrigues, a cultura de cooperação entre as instituições para sucesso da Segurança Pública deve ser aplicada no cotidiano das operações. “A gente percebe hoje que essa leitura começa a ser feita na própria Secretaria de Segurança Pública. O próprio estado do Rio de Janeiro está aplicando agora uma força-tarefa que é nada menos do que o nosso planejamento de integração”.

Entretanto, o Delegado Federal reafirma que mais importante do que as ferramentas, recursos e estrutura, foi essa determinação das diferentes agências e órgão em trabalhar juntos e de forma integrada para o sucesso da operação.

“Por vezes as instituições criam barreiras, as pessoas não se articulam. O resultado é danoso. O que conseguimos foi um grupo voltado a uma missão onde todos sabiam do apoio que necessitavam uns dos outros”, comemora.

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