Segurança Pública é discutida no VII Congresso Nacional dos Delegados de Polícia Federal
A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) retomou, nesta terça-feira (21/03), as atividades do VII Congresso Nacional dos Delegados de Polícia Federal, que acontece em Florianópolis (SC) até a quinta-feira (23/03).
Este segundo dia de discussões teve início com a abertura do primeiro Painel, mediado pelo presidente da ADPF, Carlos Eduardo Sobral. Sob o tema “Plano Nacional de Segurança Pública”, os Delegados Federais Luiz Roberto Ungaretti de Godoy e Andrei Augusto Passos Rodrigues compuseram a mesa, que também contou com o Diretor do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, e a representante do Confederação Nacional dos Transportes (CNT), Priscila Santiago.
Lima iniciou a palestra alertando sobre a crise na Segurança Pública pela qual o país passa e que envolve a relação entre União, estados, municípios, Poderes e órgãos de Estado. “Não tem como fugir de uma discussão forte em relação à nossa incapacidade de fazer com que a violência não faça parte do nosso cotidiano”.
O Diretor do Fórum Brasileiro de Segurança Pública ressaltou que os números da violência colocam o Brasil no topo dos rankings mundiais, e que, mesmo gastando “R$ 76 bi por ano" com segurança pública o dinheiro não é suficiente "para dar conta de todos os problemas”
“A PF é uma instituição extremamente reconhecida e valorizada, mesmo com orçamento insuficiente. Mas a gente não avança na construção de um verdadeiro Sistema de Segurança Pública”, lamentou Lima, que defende uma renovação verdadeira no Plano Nacional de Segurança Pública.
Cooperação
O Delegado Federal Andrei Augusto Passos Rodrigues tratou do tema da cooperação entre instituições, abordando experiências com grandes eventos realizados no Brasil, como a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas de 2016.
Segundo Rodrigues, os eventos tiveram êxito justamente pela atuação conjunta. “Construímos um plano estratégico envolvendo o Ministério da Justiça, Ministério da Defesa e o gabinete de Segurança Institucional. Depois desenvolvemos nossos planos táticos: cada local e competição tinha o seu plano específico”.
Ele também ressaltou que a PF teve um papel central na coordenação desses eventos, os quais envolvem um grande número de países e órgãos internacionais. “Nossa instituição lidera o processo de cooperação internacional, já que tem unidades e pessoas preparadas. As ferramenta estão aí, o ambiente está aí e o conhecimento faz parte desse processo.”
A utilização de plataformas tecnológicas para auxiliar nos processos também foi citada pelo Delegado Federal. “Uma das ferramentas utilizadas foi o Colossus, que realiza um acompanhamento de fontes abertas. Ele agora está disponível a todos os Estados para que a Polícia Federal utilize no dia a dia”, comemora.
Já na questão da cooperação internacional, o Delegado Federal Luiz Roberto Ungaretti de Godoy, diretor do DRCI, sublinhou a necessidade de eliminar parte da burocracia para a celeridade das atuações policiais.
“Precisamos focar não só em tratados e convenções, mas também em acordos bilaterais, que facilitam até mais as trocas de informações. Nesses acordos conseguimos administrar mais facilmente as dificuldades jurídico-culturas, como no caso do acordo com o Irã, que celebramos recentemente”, enfatizou o Delegado.
Segundo ele, a autoridade central nos casos deve ser assumida pelo Executivo. “Sabemos que quem é parte de um processo não pode ficar responsável por receber os pedidos de cooperação internacional. Isso gera um desequilíbrio”.
Segurança em rodovias
Por fim, a representante do CNT, Priscila Santiago, voltou-se para o tema da segurança em rodovias. Segundo a palestrante, o setor sofre com a insegurança, e, de 1998 até agora, o roubo de cargas teve um aumento de 76%, com um total de quase 20 mil crimes do tipo só no ano passado.
Segundo Santiago, é preciso uma maior integração entre setores para criar políticas públicas eficazes e que evitem prejuízos ao país.
“O transporte corresponde a 60% do valor da carga transportada. Se eu reduzo esse custo, eu reduzo o custo do país. E o investimento na área de Segurança Pública é fundamental para isso”, informa Santiago.