Sindicatos e associações querem federalizar crimes contra jornalistas
Presidentes e representantes de sindicatos e associações de jornalistas pediram nesta quinta-feira (03) à Secretaria de Direitos Humanos (SDH/PR) a federalização da investigação de assassinatos recentes de jornalistas no país. O pleito foi entregue à ministra Maria do Rosário durante reunião com a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Associação Nacional de Jornais (ANJ), Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação (Altercom) e Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
Ao receber a solicitação, a ministra informou que a SDH estudará os casos e ressaltou a preocupação do governo federal com a crescente onda de assassinatos e violência contra profissionais de comunicação no Brasil. “Entendemos que a violência contra um jornalista é um atentado não só contra a pessoa humana, mas também contra a livre expressão da imprensa neste país, pois sabemos que trata-se, em geral, de uma tentativa de determinados grupos criminosos de calarem os profissionais de comunicação, que constantemente, veiculam denúncias contra estes grupos”, explicou Rosário.
A ministra disponibilizou a central de atendimento da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos – Disque 100 – para o recebimento de denúncias de violência contra jornalistas e determinou a criação de um Comitê de Acompanhamento, no âmbito da SDH/PR, para monitorar e desenvolver ações para combater o aumento da violência contra o segmento. “Com este instrumento, teremos como fazer um acompanhamento mais detalhado sobre estes casos, criando estatísticas e políticas públicas para garantir que estes crimes sejam punidos e coibidos”, destacou.
De acordo com as entidades do setor de comunicação, apenas nos últimos 12 meses, cinco ou seis jornalistas foram assassinados no país. O caso mais recente foi no Maranhão, onde o jornalista blogueiro Décio Sá foi assassinado a tiros dentro de um restaurante, no dia 23 de abril.
Durante a reunião, o presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Maurício Azedo, relatou à ministra o agravamento da violência contra comunicadores e reclamou da impunidade na apuração dos crimes. “Até o momento não temos registros de identificação e punição aos responsáveis por estes crimes. Isso tem preocupado os profissionais de comunicação no Brasil. Temos que pôr fim a este cenário de violência”, afirmou o presidente, defendendo a transferência de competência das investigações para a esfera federal.
Também estiveram presentes no encontro o diretor executivo da ANJ, Ricardo Pereira, o diretor da Altercom, Renato Rovai, o presidente da FENAJ, Celso Schröder, entre outros dirigentes das entidades.