Sobral defende que Polícia Federal priorize crimes “mais graves”
Diante de um cenário de poucos recursos humanos e financeiros, o presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Carlos Eduardo Sobral, defendeu em seminário da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (ENCCLA), esta quinta-feira (15/09), que a Polícia Federal (PF) priorize a investigação de crimes “mais graves”.
“O interesse público, da sociedade, é combater o que é mais grave. Hoje, na Polícia Federal, há o entendimento que se deve instaurar tudo e qualquer coisa. Mas, as demais instituições envolvidas na investigação, como ficou claro aqui, não acham isso. É preciso investigar o que é importante”, reforçou Sobral.
O seminário da ENCCLA teve como tema “Eficácia da persecução penal em face do princípio da obrigatoriedade”. O presidente da ADPF integrou o painel “Critérios, propostas e experiências para eficiência e utilidade da persecução penal”. Em sua apresentação onde também relatou a experiência do Projeto Tentáculos, que ajudou a implantar na Polícia Federal em 2009.
O projeto centralizou as notícias-crime em uma base de dados, a partir da qual é feita uma análise técnica de vínculos que relaciona fraudes praticadas pelo mesmo autor ou grupo criminoso. Sobral destaca que, após a implantação do Tentáculos, o prejuízo da Caixa Econômica Federal (CEF) com fraudes eletrônicas caiu 60% em quatro anos.
“Até 2008, perspectiva deste tipo de crime na CEF estava num crescendo. Com o projeto, qualificamos pessoal e investimos em inteligência. O resultado foi a criação de um banco de informações em tempo real que reduziu o número de inquéritos instaurados e, consequentemente, os processos de competência da Justiça Federal, além de ampliar a capacidade investigativa da PF”, assinalou o presidente da ADPF.
O Tentáculos esteve entre os projetos aceitos pela 12ª Edição do Prêmio Innovare, realizada em 2015. O painel foi composto ainda pelo Delegado Federal Franco Perazzoni, pelo desembargador federal Fausto De Sanctis, pelo advogado Pierpaolo Bottini, pelo gerente nacional de segurança física da Caixa Econômica Federal, Moisés Alves Ferreira, e pela subprocuradora-geral da República Luiza Cristina Fonseca Frischeisen.
O seminário, que tem novos painéis esta sexta-feira (16/09), no Conselho da Justiça Federal, em Brasília, é produto da Ação 7/2016 da ENCCLA. Coordenada pela PF e pelo Ministério Público Federal, a ação prevê a elaboração de diagnóstico e análise sobre eficiência e utilidade da persecução criminal e a realização de seminário em conjunto com academia e sociedade civil.
Instituída em 2003, sob coordenação do Ministério da Justiça, a ENCCLA é formada por mais de 60 órgãos dos três poderes da República, além de entidades públicas e da sociedade civil que atuam, direta ou indiretamente, na prevenção e combate à corrupção e à lavagem de dinheiro.