Subcomissão na Câmara debate sobre o crime organizado na administração pública
A Subcomissão Permanente que debate o Combate ao Crime Organizado realizou na última terça-feira (17) audiência pública para definir as ações do crime organizado frente às ameaças e cooptações dos membros da Administração Pública. A subcomissão faz parte da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados.
O Delegado Federal e Chefe do Serviço de Repressão a Desvios de Recursos Públicos, Rolando Alexandre de Souza esteve presente na audiência e mostrou que existem hoje, na divisão que ele chefia, quase 10 mil inquéritos relacionados a desvios de recursos públicos.
Esse número representa 8% do contexto Polícia Federal, que possui aproximadamente 120 mil inquéritos em atividade. Em valores, as investigações de corrupção na esfera pública atingem a marca de R$ 39 bilhões.
Um dos maiores gargalos investigados pelo Serviço de Repressão a Desvios de Recursos Públicos da Polícia Federal é o repasse de dinheiro aos servidores ou terceirizados que, segundo o Delegado, muitas vezes não é feito da forma correta.
“Existe um trabalho intenso para investigar se realmente esse dinheiro está sendo repassado para a ponta da rede. Mas, devido à carência de pessoal para essa gama de inquéritos grandes, volumosos e de valores altos, o trabalho acaba prejudicado”, afirma o Delegado destacando que a principal dificuldade é a falta de pessoal nas Delegacias que investigam a corrupção.
Além dos criminosos usarem meios tecnológicos variados para expandirem os seus negócios, a comissão discutiu que o crime organizado tem grande disponibilidade financeira, com a qual mantém nexo com o poder público para estender seus negócios, por meio do suborno e corrupção”. O Delegado Rolando Alexandre de Souza diz ainda que “hoje a corrupção é de caráter empresarial e eles estão mais preocupados com o lucro”.
Os deputados afirmam que não se pode manter a ideia de que o crime organizado no Brasil e no mundo é um produto das classes mais pobres. “As organizações criminosas, com a sua impressionante capacidade de obter ganhos com atividades ilegais diversas, estão cada vez mais infiltradas no alto escalão da vida pública dos países”, afirmam.