Tania Prado assume a Presidência do Sindicato dos Delegados de Polícia Federal de SP
Desde a última segunda-feira (29/05), o Sindicato dos Delegados de Polícia Federal do Estado de São Paulo (SINDPF/SP) passou a ser presidido por uma mulher. Trata-se de Tania Fernanda Prado Pereira, que era vice-presidente e assumiu a direção de uma das mais importantes entidade de classe dos federais do País com a morte do presidente da entidade, Amaury Portugal, ocorrida no sábado (27/05).
Substituir o decano da Polícia Federal, o delegado PF Amaury Portugal, não será tarefa fácil para Tania Prado. Porém, mesmo sabendo dos desafios, que são muitos, ela já está na luta. “Darei continuidade ao trabalho e à missão do Dr. Amaury, assumindo a Presidência da entidade ao longo do mandato desta diretoria”, diz a delegada federal Tania Prado, que na terça-feira (30/05), um dia depois de tomar posse administrativa, concedeu entrevista ao Blog do Elimar Côrtes.
A atual diretoria do SINDPF/SP, eleita em chapa única, tomou posse em 1° de abril de 2015. Tania Prado é a segunda mulher a presidir o Sindicato dos Delegados de Polícia Federal paulista. A primeira foi a doutora
Samira Bueres, que foi líder da entidade nos anos 90. O Sindicato paulista foi fundado em dezembro de 1993.
Tania Prado, que assumiu o cargo de delegada federal em 2003, é também diretora Regional da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal Regional em São Paulo.
Blog do Elimar Côrtes – Como a senhora se sente presidindo o SINDPF/SP?
Tania Fernanda Prado Pereira – Sinto-me gratificada, sobretudo porque o percentual feminino da PF é baixo, somos cerca de 15% do efetivo policial e mesmo assim meu nome foi aceito por aclamação pelos colegas.
– Quantos associados possui atualmente o SINDPF/SP?
Em torno de 200 filiados, entre aposentados e da ativa.
– Quais são hoje as principais demandas da categoria em seu Estado e no Brasil?
– Melhores condições de trabalho, abertura de concurso público para os cargos vagos, inclusive os de apoio, bem como reconhecimento de garantias e prerrogativas que permitam que as investigações efetuadas pelos delegados alcancem e punam a todos os investigados independente de sua função política ou condição econômica.
– Como a senhora analisa o futuro do movimento sindical ligado à classe dos delegados de Polícia Federal no País?
– Extremamente difícil e desafiador, porque não possuímos os mesmos direitos que os sindicatos em geral possuem. A recente decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) proibiu os policiais e demais profissionais da segurança pública de entrarem em greve, limitando, portanto, qualquer reivindicação que seja importante para a categoria, dentre elas o dissídio anual que permitiria a recomposição de nosso salário pela inflação e tornaria nosso concurso sempre atraente aos melhores quadros de profissionais que porventura procurassem nossa carreira.
– O que a categoria pode esperar de sua gestão em São Paulo?
– Muita dedicação à categoria, sabedora do brilhante trabalho desempenhado pelo falecido Dr. Amaury Portugal, podendo esperar sua continuidade e, no que for possível, o aprimoramento dos anseios dos filiados.
– Existe algum movimento para se criar um Sindicato Nacional dos Delegados da PF ou não há necessidade, já que existe a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal?
– A ADPF representa os delegados da PF em outra instância representativa, na qual o sindicato não pode atuar. Esta é a razão de sua existência. Já na esfera sindical, completamente diferente da abrangência da Associação, existem oito Sindicatos de Delegados da PF (São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Distrito Federal, Minas Gerais e Norte/Nordeste) que compõem a Fenadepol, federação que atualmente caminha junto com a ADPF, representando os anseios da categoria, em especial na questão da Reforma da Previdência.
– A senhora acredita que forças políticas podem derrubar as investigações contra organizações criminosas e contra a corrupção no Brasil que vêm sendo desenvolvidas pela Polícia Federal?
– Todos os fatos divulgados demonstram que as instituições de Estado estão funcionando, porém devemos ficar sempre alertas, inclusive, importante ressaltar o papel que a imprensa tem desempenhado nesse contexto.
– Uma das bandeiras dos delegados federais é a aprovação da PEC 412/2009, que estabelece autonomia funcional e financeira para a Polícia Federal. Demais categorias da instituição, como agentes, escrivães, peritos e papiloscopistas, no entanto, se opõem a essa PEC. Outros segmentos afirmam que os delegados querem, com a autonomia, deixar de ser alvo do controle da atividade externa do Ministério Público Federal. O que a senhora fala sobre isso?
– A autonomia é para a Polícia Federal enquanto instituição, para seu fortalecimento, a fim de que esteja livre de ingerências políticas de toda espécie, não diz respeito aos cargos. Em relação ao controle das atividades da Polícia Federal, estamos sob outros tipos de controle, como, primeiramente o interno, efetuado pela nossa Corregedoria, além dos controles externos efetuados pelo Ministério Público, Poder Judiciário, assim como da CGU (Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União), da Ordem dos Advogados do Brasil, do Tribunal de Contas da União, e ainda do controle social e da mídia.
– A senhora teme que o novo ministro da Justiça, Torquato Jardim, faça interferências políticas na Polícia Federal?
– Se uma Polícia Federal não possui autonomia funcional, administrativa e orçamentária, ficamos reféns dos humores dos governos de plantão, não podemos esquecer que somos uma Polícia de Estado e não de governo, independente de partidos políticos, sendo esta a razão de ser de nosso pleito de autonomia constitucional, PEC 412/2009.
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