Taxistas são cúmplices de traficantes no Rio, diz polícia

12 de dezembro de 2007 12:28

A polícia do Rio descobriu que motoristas de táxi estão trabalhando para o tráfico de drogas. Escutas telefônicas revelaram também um história surpreendente: o caso da mãe que substitui o filho no comando de uma quadrilha.
Na operação de terça-feira (11), dois taxistas que faziam parte deste grupo também foram presos.
Negócios em família no submundo do crime. Uma prática antiga no Rio de Janeiro.
No jogo do bicho, um dos casos mais conhecidos foi o de Valdemiro Paes Garcia, o Miro, que passou os negócios para o filho maninho, que depois de assassinado foi sucedido pelo irmão.
No tráfico de drogas, a polícia pôs na cadeia, no mês passado, a mulher de Fernandinho Beira-Mar, acusada de assumir o controle dos negócios do marido, preso numa penitenciária de segurança máxima em Mato Grosso do Sul.
Na terça-feira (11), depois de seis meses de investigações, a polícia descobriu que mãe e filho agiam juntos numa favela, no subúrbio.
A tendência é você botar em postos chaves aquelas pessoas que são da sua confiança e essas pessoas muitas vezes fazem parte da mesma família, disse Gilberto Ribeiro, chefe de polícia do Rio.
Lucilene Miguel da Silva, a tia Lu, ficou a frente das atividades criminosas depois da prisão do filho, em outubro.
Segundo a delegada Patrícia Aguiar, da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), a mãe do traficante responde por cinco crimes: tráfico de drogas, associação para tráfico, corrupção ativa de policiais, formação de quadrilha e por manter casa de prostituição.

Participação de taxistas
Além dos negócios em família, as investigações da polícia revelam a participação cada vez mais constante de taxistas no tráfico. Eles se aliam às quadrilhas e prestam serviços como transporte de criminosos, drogas e armas.
Em 2005, foi preso um taxista suspeito de fazer entregas de drogas vendidas num site de relacionamentos.
No mês passado, a polícia prendeu um grupo de jovens que negociava ecstasy em festas de música eletrônica. Entre os integrantes, também estava um motorista de táxi.

Na operação de terça-feira (11), dois taxistas que faziam parte da quadrilha de tia Lu e também foram presos. Numa ligação telefônica, um deles fala com uma mulher, que ia descer o morro com drogas.
Mulher – Léo , tá tranqüilo aí fora?
Léo – Tá tranqüilo.
Mulher – Tá. Aguarda só mais 10 minutinhos que está resolvendo aqui um negócio e tá saindo tá?
Léo – Tá beleza. Eu estou aqui no posto. estou aqui no posto.
Mulher – E quanto estiver saindo aí tu já pega o carro e já imbica prá cá prá gente ir porque ali, a gente vai prá esquerda porque prá direita tá tendo blitz.
Segundo os investigadores, a quadrilha – dirigida com mão de ferro por tia Lu – tinha uma outra especialidade: praticar assaltos. Roubava cargas, carros, lojas e pessoas. E contava com a colaboração de um policial militar, que também foi preso.

O cabo Jorge Marcos Castilho de Souza trabalhava como segurança, e planejou o assalto do patrão. Pelo celular, ele informou aos ladrões o momento exato de agir.
– O cara já tá passando aí
– Eu sei
– Tô falando que tá passando em frente ao depósito. Tá chegando aí, pode fechar

O cabo ainda combinava encontros com os assaltantes num lugar acima de qualquer suspeita.
– Não quer ir no batalhão? Não é mais perto pra tu não?
– É mais perto
– Beleza, então quando eu chegar no batalhão te dou uma ligada, que aí em dez minutos tu tá lá.