Terminal rodoviário na mira da PF
O terminal deverá ser inaugurado até o fim deste mês.
João Pedro de Moura, ex-assessor do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP) e ex-conselheiro do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), e o empresário Marcos Vieira Mantovani, dono da consultora Progus, trataram por telefone de um empréstimo junto ao banco que seria de interesse do grupo, segundo o apurado na Operação Santa Teresa, que levou à prisão dos dois acusados, além da abertura de processo criminal contra mais 11 pessoas.
A CTRC (Concessionária do Terminal Rodoviário de Campinas SA) admitiu ter um pedido de empréstimo no BNDES, que estaria em análise, mas negou qualquer relação com a denúncia. No dia 12 de março passado, João Pedro e Mantovani conversaram por telefone, segundo a PF, sobre “um projeto de interesse do grupo relativo à construção do terminal rodoviário em Campinas”.
“Resultado positivo” na vinda ao Rio
Além da conversa, foram apreendidos e-mails que tratam do assunto. Cinco dias depois, João Pedro, que havia viajado para o Rio, foi à sede do BNDES. No final da tarde, fez outro telefonema a Mantovani, afirmando que “o resultado foi positivo”.
O Consórcio CTRC foi firmado entre o conglomerado de construtoras Equipav e a Socicam, empresa de administração de rodoviárias. No ano passado, depois de vencer uma licitação na qual foi o único concorrente, o consórcio foi contratado pela Prefeitura de Campinas para construir o novo terminal e explorar o serviço por 30 anos. As obras estão orçadas em R$30 milhões. Já que é um serviço de concessão, não há investimento financeiro do município.
– Esse tipo de coisa faz parte do chamado “lobby maldito”. Há grupos vendendo facilidades. Às vezes não passa de 171, estelionato – disse o prefeito Hélio de Oliveira Santos, o Dr. Hélio (PDT).
Na sexta-feira, Dr. Hélio pediu ao consórcio para esclarecer a suposta ligação entre a obra e o grupo denunciado na Operação Santa Teresa. “A CTRC elaborou projeto de pedido de financiamento junto ao BNDES. O pedido está em análise pelo banco e as obras do terminal vêm sendo realizadas com recursos próprios do consórcio”, respondeu o diretor-executivo da CTRC, Nelson Segnini Bossolan.
Sem explicações sobre pedido de empréstimo
O consórcio, no entanto, não explicou quando foi feito o pedido de empréstimo ao BNDES nem o valor. Também não afirma se houve algum contato por parte de Mantovani ou João Pedro.