Thompson Flores deixa OAB-DF

3 de outubro de 2007 11:07

Em carta dirigida ontem à presidente da Ordem, Estefânia Viveiros, Thompson trata as acusações contra ele como levianas e destituídas de qualquer comprovação . E destaca que os inescrupulosos, os aproveitadores e fraudadores não encontram limites nem o mínimo pudor em respeito à verdade . O advogado escreveu ainda que tem absoluta convicção de que as investigações comprovarão a ausência de envolvimento por parte de qualquer integrante da OAB-DF.

O pedido de afastamento temporário de Thompson foi acatado por Estefânia Viveiros, mas ela não quis se pronunciar sobre o caso ontem. Na carta ele pede quatro meses de licença e argumenta ser seu dever preservar a sua saúde, sua vida pessoal e profissional, assim como pacificar o Conselho Pleno da Ordem. Estava prevista para ontem uma reunião do Conselho exatamente para discutir o impacto das denúncias, divulgadas até pela imprensa nacional.

Há cerca de 15 dias, os integrantes do Conselho, em reunião que adentrou a madrugada, votaram pelo afastamento de Thompson da Comissão de Exames, que até então ele presidia. Thompson era o responsável pela elaboração, aplicação e correção das provas do Exame da Ordem que credenciava bacharéis em direito a tirar a carteira da OAB.

Preço da aprovação
O caso é investigado pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal. O inquérito da PF foi aberto em março após o recebimento de denúncia de que uma candidata, identificada como Elisângela, teria sido aprovada ilegalmente no Exame de Ordem da OAB-DF, em dezembro de 2006. A acusação era de que ela teria pago a uma das examinadoras da banca para ser aprovada no exame. Elisângela entregou a prova discursiva (escrita) em branco e, depois, o teste apareceu preenchido.

A fraude foi descoberta por um perito contratado pela OAB-DF. A partir de então, outras pessoas começaram a ser investigadas pela PF. Dois candidatos afirmaram terem sido procurados por um colega de curso para participar do esquema. Cada um pagaria R$ 20 mil pela aprovação. Até o momento, foram identificadas nove provas fraudadas.

O Ministério Público Federal abriu processo em maio para apurar se algum funcionário ou diretor da OAB-DF tirou proveito do golpe. E, segundo os procuradores, pelo menos 55 candidatos, também entre 2004 e 2005, teriam sido beneficiados de forma fraudulenta. A OAB-DF descartou a possibilidade de anulação do exame, mas, no começo de julho, o MPF entrou com ação na Justiça. No exame de dezembro de 2006, 486 candidatos foram aprovados entre os 2,5mil inscritos.