“Torcedores inconvenientes serão enviados de volta”, diz delegado da PF
A Polícia Federal, em conjunto com a Interpol, reforçou os bancos de dados e a fiscalização nos postos de imigração do país para impedir que estrangeiros condenados por crimes entrem no Brasil durante a Copa do Mundo. O principal objetivo é barrar em torcedores com histórico de violência em estádios de futebol.
– Inserimos informações no sistema nacional de procurados e impedidos. Caso estrangeiros que tenham restrição passem pelos nossos postos, os agentes de imigração terão a capacidade de identificá-los… Julgada inconveniente a presença desses torcedores, serão imediatamente enviados de volta aos seus países – explicou nesta segunda-feira o delegado Luiz Cravo Dórea, coordenador-geral de cooperação internacional da Polícia Federal.
A atenção da polícia está voltada para criminosos em geral, com registros nas bases da Interpol. No entanto, foi feito um trabalho específico voltado para torcedores com histórico de violência em eventos esportivos, como "hooligans" e "barra-bravas".
No caso de alguns países, como a Argentina, foi repassada à Polícia Federal uma lista de pessoas proibidas de frequentar estádios por histórico de confusões. Em outros, onde a legislação não permite o reapasse dos nomes, a própria polícia confiscou o passaporte dos torcedores violentos para impedir que eles viajassem ao Brasil. Foi o caso da Inglaterra, por exemplo.
– Solicitamos (aos países classificados para a Copa) essas lista de torcedores potencialmente violentos que poderiam causar problemas nos nossos estádios. A Argentina nos respondeu com uma lista de 2.100 nomes de torcedores banidos, que foram incluídos nos nossos sistemas e vão ser impedidos de entrar no Brasil. Tem também os famosos hooligans. Alguns países que fazem controle desses torcedores, principalmente na Europa, não fornecem lista de nomes. Porém, eles impedem essas pessoas de viajar confiscando o passaporte. É o que está ocorrendo na Inglaterra, na Bélgica e na Alemanha – detalhou o chefe do escritório da Interpol no Brasil, delegado Luiz Eduardo Navajas.
Até o momento, apenas um torcedor foi barrado de entrar no Brasil para a Copa do Mundo. Foi no último fim de semana, quando um estadunidense condenado por abuso sexual foi deportado após desembarcar no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro (saiba mais sobre o caso no G1) .
– Tivemos um indivíduo norteamericano barrado, o que já foi fruto de uma portaria interministerial que impede que qualquer indivíduo que tenha cometido crime sexual de qualquer natureza entre em território brasileiro. Isso foi reforçado para a Copa do Mundo e estamos incluindo informações no nosso sistema para tentar identificar outros indivíduos com esse tipo de registro. (Nosso foco) está em criminosos de um modo geral, pessoas que cometeram crimes em seus países e que estejam vindo ao Brasil para acompanhar os jogos – concluiu Navarjas.
Outra medida da Polícia Federal para tentar coibir a ação de criminosos estrangeiros durante a Copa é o programa de cooperação internacional, que trouxe ao Brasil policiais de todas os países classificados para o Mundial. Eles trabalharão em conjunto com a PF em ações de inteligência e também estarão nos estádios nos dias de jogos de suas seleções para auxiliar a polícia brasileira no contato com os torcedores em caso de necessidade.
– O CCPI (Centro de Cooperação Internacional) é um braço dentro do sistema integrado de comando e controle de segurança da Copa, coordenado pelo Ministério da Justiça. Além do sistema Interpol, vamos ter esses policiais estrangeiros conosco, compartilhando seus acessos aos seus bancos de dados. Caso seja necessário, poderemos checar antecedentes criminais, confirmar autenticidade de documentos, de nacionalidade. Poderemos, inclusive, tomar iniciativas para obtenção de medidas judiciais a partir dessas informações – explicou o delegado Luiz Cravo Dórea.
Cada equipe estrangeira é formada por até sete policiais, divididos em dois grupos: uma parte ficará em Brasília, atuando no centro de comando, e outra viajará pelas cidades-sedes. Os estrangeiros não terão poder de polícia (não poderão prender) e nem andarão armados. No entanto, vão usar seus uniformes para facilitar o reconhecimento por parte dos torcedores de cada país.
– Vão funcionar como oficiais de ligação. Em caso de alguma situação nos estádios, estarão aptos a reportar ao coordenador da segurança na arena. A presença deles uniformizados vai facilitar a identificação por suas torcidas, o que vai facilitar o contato. Acreditamos que esse elo será muito importante para a segurança na Copa – concluiu Dórea.
– É uma inciativa importante e acredito que faremos um grande trabalho. Viemos para ajudar e acho que vamos vencer o desafio – afirmou o chefe da equipe da polícia italiana, Giuseppe de Trovski.